Nem bem clareou o dia e os funcionários da Granja do Braz, localizada na Vila João Souto Duarte, no Prado, estão indo para a lavoura para começar mais um dia de trabalho antes que o sol esquente. Esta é a rotina de quem enfrenta as altas temperaturas registradas em mais um verão escaldante no Rio Grande do Sul e que tem superado as médias nacionais neste mês de fevereiro. Para se ter uma ideia, na última semana o estado ultrapassou os 40ºC, com a umidade do ar em níveis críticos abaixo dos 12% , quando o mínimo aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 40%. Esta situação não só prejudica a saúde humana, mas também a produção de alimentos. Nesta semana, o Jornal A Plateia visitou a Granja do Braz, e conversou com o produtor rural Rivadave Braz que produz hortigranjeiros em Sant’Ana do Livramento há 41 anos. Com os olhos fixos olhando para a terra seca onde deveriam estar plantadas milhares de verduras e legumes, ele comenta que os prejuízos causados na propriedade são de até 70% em relação aos anos anteriores à estiagem. Somente neste ano, a quebra é de aproximadamente 30 mil pés de alface que deveriam ter sido colhidos. “É um prejuízo enorme. Com o forte calor e a falta de umidade, a planta não se desenvolve e acaba queimando a sua raiz. Uma tristeza. Aqui nesta área nós plantamos desde 1982 e nunca tinha passado por essa situação. O sol queima a pele da gente, por isso começamos a trabalhar bem cedo e retornamos à tardinha”, comentou. O produtor explica que com as altas temperaturas do solo acontece um processo de cozimento da raiz da planta e ela não se desenvolve. “Aqui está tudo muito seco e não adianta molhá-las. Temos que ter paciência
e esperar que a chuva normalize porque os mananciais de água que nós tínhamos aqui também secaram. Hoje estamos utilizando irrigação em parte da lavoura, mas com água de poço. Já quebramos inclusive duas bombas de puxar água por conta do calorão. São os poços artesianos que estão quebrando o galho, se não fosse assim, não teríamos produto para abastecer os mercados”
relatou o produtor. Braz destaca que as plantas que estão resistindo à estiagem são a couve, temperinho verde, cebolinha e os pimentões, que já estavam na fase adulta. Os produtos são colhidos no dia, lavados e colocados na câmara fria onde permanecem, no máximo, um dia para abastecer o mercado local. Estamos mantendo a mercadoria, mas a quebra é muito grande. Antes ia para o mercado 40 dúzias de temperos. Hoje, para ter o produto na prateleira, estamos enviando somente 10 dúzias”, finalizou
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