“Nós não pretendemos sair, pretendemos contestar esta tese que foi encontrada pela prefeitura que o prédio iria cair”, assim classifica Fernando Pinheiro, morador do prédio Vivaldino Maciel, no centro de Sant’Ana do Livramento. Na última sexta-feira (02), o 10º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), orientou os moradores do edifício a deixarem o prédio, após receberem denúncia de um dos moradores do local.
De acordo com um laudo feito pela Secretaria Municipal de Planejamento, foi observada uma grande incidência de paredes trincadas do lado esquerdo da edificação, paredes estas situadas nos pátios internos e galerias de esgotos e águas pluviais. Segundo o relatório, as rachaduras vão até o apartamento número sete do térreo, onde termina o último pátio externo, com redes de esgoto e pluviais. O laudo ainda apresenta duas hipóteses para a instabilidade do edifício.
A primeira delas se refere às inspeções que deveriam ser periódicas com informações sobre a situação do edifício, onde apareceria o início do desgaste da estrutura de concreto armado. A segunda hipótese traz a ocorrência de inúmeros locais em que as pavimentações ficaram “ocas”, onde há muito tempo, há incidência de carreamento do solo, abaixo do nível da laje do térreo, na área da divisa lateral esquerda, exatamente nos pátios descobertos à esquerda do edifício. Ou seja, neste local, possivelmente o prédio estaria em “movimento”.
O QUE DIZEM OS MORADORES


Fernando Pinheiro contou que sua família tem um apartamento naquele edifício há mais de 30 anos, inclusive, ele e sua mãe, de 88 anos, decidiram não deixar o local. “Só se houver uma medida judicial nós vamos sair, nós estamos levantando documentação, perícia de outros órgãos e engenheiros para contestar esse laudo temeroso que foi feito, um laudo totalmente empírico, não tem nenhum embasamento, não foi feito ali uma perícia aprofundada para dizer que o prédio vai cair ou não. Foi apenas a visão do engenheiro”, complementou.
Ele relatou que os moradores foram pegos de maneira inesperada. “Foi total surpresa, porque estava todo mundo em casa e de repente os bombeiros bateram na porta dizendo tem que evacuar porque vai cair o prédio. Se esse problema já vinha há mais tempo, por que a administração não convocou uma assembleia e informou aos moradores? ”, questiona.
SITUAÇÃO DE IMPREVISTA
Joaquim Cesar Sanz também precisou fazer a mudança de sua mãe. Aos 67 anos, a aposentada deixou sua casa nessa semana. O filho conta que houve um impacto emocional na família. “Foi feito um terrorismo desnecessário. Um valor que nunca mais se recuperar. Mexeram com senhoras. Eu acho que passou do limite, eu achei estranho a forma que aconteceu, da forma que se deu. A minha mãe acabou saindo, mas por uma pressão psicológica. A minha mãe entrou em choque”, conta ele destacando que continuará morando no apartamento.
O prejuízo também é grande para os comerciantes. É o caso de Claudio dos Santos, que há um ano abriu um comércio para conserto de celulares. “Quando a gente abriu a loja aqui ela não estava em boas condições, a gente pegou e organizou tudo e teve muito gasto. Fizemos o ponto em meio à pandemia e agora temos que sair”, afirmou.

