No mês de conscientização sobre o câncer de mama, o Outubro Rosa ganha ainda mais significado quando associado a histórias reais de superação. É o caso de Daniela Braz, servidora pública, secretária de escola, universitária, cantora, esposa e mãe de três filhas. Aos 41 anos, ela enfrentou o diagnóstico e o tratamento contra o câncer de mama com coragem, fé e o apoio da família.
O diagnóstico
Daniela lembra com clareza o dia em que tudo mudou. Em 12 de dezembro de 2024, durante exames de rotina, recebeu um laudo com classificação BI-RADS 5, que indicava 95% de chance de ser câncer. Saiu da consulta abalada, com um pedido urgente de biópsia em mãos. “No outro dia já procurei o mastologista. O diagnóstico veio no dia 18 de dezembro: eu estava com câncer de mama”, conta.
O impacto foi imediato, especialmente sendo mãe de três meninas. “A primeira coisa que passa na cabeça de quem recebe esse diagnóstico é a morte. A primeira semana foi de muito choro. Eu vivi um luto. Mas, por ter minhas filhas e muita fé em Deus, resolvi lutar.”
Tratamento com propósito
Daniela sempre menciona a fé como elemento essencial em sua recuperação. “Deus foi meu companheiro fiel durante todo o tratamento. Ele me deu um propósito. Eu sonhava com o dia em que contaria minha história de superação.”
A decisão de seguir em frente foi acompanhada de preparo e planejamento. Após passar as festas de fim de ano, ela realizou a mastectomia radical com reconstrução imediata no dia 3 de janeiro de 2025. Logo após a cirurgia, uma nova biópsia confirmou a necessidade de quimioterapia.
“Foi mais um momento difícil, mais uns dias de choro. Mas minha fé era maior. Me afastei do trabalho, continuei a faculdade em regime domiciliar e recebi muito amor da minha família. Em nenhum momento pensei em desistir.”
Redescobrindo a própria força
Entre as muitas descobertas durante o tratamento, uma das mais marcantes foi sua resiliência. “Já tinha enfrentado dificuldades, mas nunca algo assim. Encarei com otimismo e me recusei a ser abatida pelos efeitos colaterais. A fé e a coragem me sustentaram.”
O retorno dos cabelos, após a quimioterapia, simbolizou para Daniela um renascimento. “Sempre fui muito vaidosa. Fiquei triste ao saber que perderia os cabelos, mas encarei com leveza. Agora, vê-los crescer representa minha cura.”
Nova rotina e novos desafios
Meses após o fim da quimioterapia, Daniela iniciou uma nova fase. Descobriu na corrida um novo amor. “Não gostava de correr, mas resolvi me desafiar. Três meses após a última quimioterapia participei da minha primeira prova de 5 km. Em setembro corri 6 km e já me preparo para outras. Depois de enfrentar o câncer, essa conquista tem um sabor ainda mais especial.”
Hoje, sua rotina é intensa: trabalha em dois turnos, frequenta a academia, cursa faculdade à noite e ainda encontra tempo para correr aos finais de semana. “Estou vivendo com mais intensidade. Não deixo passar nenhuma oportunidade. Cada dia é único.”
Importância da prevenção
Daniela destaca que o diagnóstico precoce foi fundamental. “Sempre fui cautelosa com a saúde e conhecia meu corpo. Isso fez toda a diferença.”
Para quem tem receio de procurar ajuda, ela deixa um alerta: “A prevenção salva vidas. Não tenha medo. Se toque, se cuide e, ao menor sinal de alteração, procure um médico. Quanto antes, mais chances de cura.”
Rede de apoio e fé inabalável
A família teve papel decisivo em sua recuperação. “Meu marido foi o primeiro a saber. Depois contei para minha irmã, minha mãe e só então para minhas filhas. Eles me viam tão forte que evitavam chorar na minha frente. Recebi muito cuidado e carinho. Amo minha família.”
A espiritualidade também teve papel central em todo o processo. “Deus me deu a vida, uma família maravilhosa e um propósito. A fé cura. É preciso acreditar, mas também lutar com todas as forças.”
Mensagem para o Outubro Rosa
Neste Outubro Rosa, Daniela deixa um recado especial para todas as mulheres. “Confesso que me imaginava contando minha história neste mês. Para quem está enfrentando a doença, digo: não desistam. Confiem nos planos de Deus e continuem lutando. Para quem pode praticar atividade física, que a pratique. Ela salva vidas. E para quem ainda não se cuida: não espere a doença aparecer. Nossa vida é o bem mais precioso que temos. Cuide-se.”