No Rio Grande do Sul, onde a tradição é levada a sério, Junior Carvalho é um dos poucos guasqueiros que mantém viva a arte de confeccionar a guasca, materiais essenciais para o manejo do cavalo e do gado. A história de Junior começou aos 15 anos, quando visitou a casa de um amigo e foi apresentado a Manoel Edi Oliveira, um guasqueiro experiente que lhe deu os primeiros ensinamentos. Desde então, a guasca se tornou mais do que uma profissão.
“Minha primeira peça foi uma rédea e cabeçada para um amigo”, recorda Junior. O que começou como um aprendizado se transformou em um ofício que ele considera um verdadeiro dom. Mesmo com os desafios da modernidade, Junior segue fazendo o que ama, sendo reconhecido pela qualidade e dedicação de seu trabalho.
Para Junior, cada peça começa com a escolha do couro. “Se for uma corda trançada ou torcida, escolho couros finos para mateiras ou travessões, uso couros mais grossos e resistentes”, explica. O uso de ferramentas próprias como cravadores e fieiras feitas por ele mesmo é uma marca registrada do seu trabalho.
O trabalho de um guasqueiro exige paciência e aperfeiçoamento constante. Junior destaca as peças em tento fino, como bolsas e mateiras, como as mais desafiadoras. “O diferencial de um guasqueiro experiente está no capricho e na atenção aos detalhes”, diz. Seu maior orgulho é poder manter viva uma profissão que está se perdendo com o tempo.
Apesar de poucos jovens se interessarem pelo ofício, Júnior acredita que a tradição ainda pode ser mantida. “É importante passar esse conhecimento adiante. A cultura gaúcha precisa ser preservada”, afirma. Seu conselho para quem deseja seguir essa profissão é claro: “Procure aprender com os mais experientes e nunca desista.”
Entre as encomendas mais especiais, Júnior destaca a bolsa de couro cru em tento fino como uma de suas peças mais marcantes. Para ele, cada trabalho é uma chance de honrar as raízes gaúchas e a arte que aprendeu desde jovem.
