Para Guilherme Machado, o envolvimento com o tradicionalismo começou cedo, ainda na infância, incentivado pelo tio Marcelo, que era apaixonado por cavalo, desfiles e cultura gaúcha. Foi dele que Guilherme ganhou um petiço aos quatro anos, o que resultou na paixão pela lida campeira e a vida no campo.
Com o tempo, esse sentimento foi se fortalecendo, especialmente com a descoberta da paleteada, modalidade que une técnica, parceria com o cavalo e a essência do serviço do campo. “A paleteada sempre foi uma paixão. Comecei por volta dos 14 anos, ali por 2008 ou 2009. Foi a minha primeira prova e, desde então, nunca mais parei”, conta Guilherme.
A vivência mais intensa com o cavalo e com o campo se deu ao lado do sogro, Rogério Ávila, na cabanha Yvituhatã. Lá, Guilherme passou a se envolver diretamente com a lida dos animais: dosagem, cuidados, manejo e o respeito ao animal. “Para mim, o cavalo é o maior tesouro do gaúcho. É o escudeiro do homem do campo, é o parceiro de todas as horas.”
A relação de aprendizado com Rogério é muito valiosa para Guilherme. “Tudo que eu sei sobre cavalo, sobre vaca, sobre ovelha, aprendi com o Rogério. Ele é um verdadeiro pai para nós, para mim, para Manoela e para os nossos filhos, Inácio e Celina. É o nosso professor.”
Além do trabalho nas estâncias, Guilherme também administra a empresa Hortisul e organiza a sua rotina entre a cidade e a campanha. “O tempo é a gente que faz. Trabalho de madrugada na Hortisul e, quando dá, almoço no campo. Nos dias mais corridos, fico direto lá. Não é fácil, mas é gratificante.”
Guilherme também vem deixando sua marca ao promover, junto da família, provas de paleteada na própria cabanha, incentivando a juventude e mantendo a tradição viva. Já foram realizadas duas provas na Estância Mimosa e agora quem deu inícios aos treinos de paleteada, é o filho Inácio, de 8 anos. “O envolvimento do Inácio é algo que me enche de orgulho. Ele tem oportunidades que eu não tive quando era guri, e eu quero passar pra ele tudo que aprendi e também os atalhos, para evitar os perrengues que a gente passou.”
Neste 20 de setembro, Inácio será o responsável por apresentar a tropilha entablada, repetindo o mesmo gesto que Guilherme viveu quando recebeu, pela primeira vez, uma tropilha de lobunas para ensinar. “Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Acredito que o Inácio vai sentir o mesmo que eu senti naquela época”, finaliza Guilherme.
