O Hino Rio-Grandense, entoado em todo o estado como símbolo máximo da tradição, tem uma trajetória marcada por mudanças e controvérsias. Ao longo de quase um século, três letras diferentes foram usadas até que, em 1934, uma comissão de intelectuais definiu a versão oficial, consolidada em lei somente em 1966.
A primeira versão
A origem remonta a 1838, após a vitória farroupilha no Combate de Rio Pardo, em 30 de abril. Na ocasião, o 2º Batalhão do Exército Imperial foi derrotado e sua banda de música foi capturada. O mestre Joaquim José de Mendanha, mineiro e renomado compositor, foi convencido a escrever a melodia que celebrasse o feito. A música ganhou letra do capitão Serafim José de Alencastre, também integrante das tropas revolucionárias, que registrou em versos a conquista de Rio Pardo.
O segundo hino
Quase um ano depois, surgiu uma nova letra, de autoria desconhecida. O jornal O Povo, considerado porta-voz da República Rio-Grandense, publicou a composição em 4 de maio de 1839, chamando-a de “Hino da Nação”.
A terceira versão
Encerrada a revolução, Francisco Pinto da Fontoura, conhecido como “Chiquinho da Vovó” , escreveu a terceira versão, que conquistou popularidade. Foi ele quem passou a ensinar a canção com sua letra, o que contribuiu para sua difusão.
Essa versão trazia uma segunda estrofe, suprimida posteriormente:
Entre nós reviva Atenas
Para assombro dos tiranos;
Sejamos gregos na Glória,
E na virtude, romanos.
A escolha oficial
Em 1933, nos preparativos para a Semana do Centenário da Revolução Farroupilha, o Instituto Histórico e a Sociedade Rio-Grandense de Educação escolheram a versão de Francisco Pinto da Fontoura como oficial. O hino foi harmonizado e adotado em 1934, caindo em desuso as demais composições.
Somente em 1966, por meio da Lei nº 5.213, de 5 de janeiro, o Hino Rio-Grandense foi oficializado definitivamente, já com a exclusão da segunda estrofe. Desde então, segue como um dos principais símbolos do povo gaúcho.
HINO RIO-GRANDENSE
LETRA
Francisco Pinto da Fontoura
(vulgo Chiquinho da Vovó)
MÚSICA
Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha
HARMONIZAÇÃO
Antônio Corte Real
Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.
Estribilho:
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra,
De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
Mas não basta pra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo,
povo que não tem virtude
acaba por ser escravo.
Estribilho:
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra,
De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.