sáb, 20 de setembro de 2025

Variedades Digital | 20 e 21.09.25

Orgulho da nossa história

No Rio Grande do Sul, o 20 de Setembro é o Dia do Gaúcho, uma das datas mais marcantes para a identidade cultural do estado. A celebração remete ao início da Revolução Farroupilha, em 20 de setembro de 1835, também conhecida como Guerra dos Farrapos. O movimento, liderado pela elite estancieira gaúcha, contestava o poder imperial do Brasil e a política fiscal que incidia sobre a produção e comercialização do charque, principal atividade econômica da época.

Sob a liderança de Bento Gonçalves, a revolução se espalhou pelo território gaúcho e levantou, inclusive, o desejo separatista. Foram dez anos de conflitos ocorridos de 1835 a 1845, que marcaram a história da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.

 O respeito à história

Embora derrotados militarmente, os farrapos deixaram um legado de luta em defesa de ideais como liberdade, igualdade e humanidade. Essa herança explica por que o 20 de setembro é celebrado em todo o estado como símbolo de resistência e valorização das tradições gaúchas.

 Episódios em Sant’Ana do Livramento

Apesar de não ter sido o centro da revolução, Sant’Ana do Livramento foi palco de importantes acontecimentos. Alguns deles estão registrados na obra Sant’Ana do Livramento — 150 anos de história — Volume 1, do Memorial Ivo Caggiani, cedida pela Escola do Legislativo.

 12 de abril de 1839

O jornal O Povo, de 20 de abril de 1839, noticiou o combate travado em Livramento no dia 12:
“Por aviso do capitão Vasco Marques, de 13 do corrente abril, consta ter sido derrotada no dia 12 do mesmo mês a Pandilha dos ladrões Venceslao e Dedeco pelo Capitão Cavalheiro nas Pontas do Cunhapirú sobre nossas divisas; ficando desde o primeiro encontro em nossas mãos quase toda aquela canalha morta e a maior parte da cavalhada que daqui levavam roubada.”

A família Cavalheiro de Oliveira teve participação de destaque na revolução. Manoel Cavalheiro de Oliveira, natural de São Paulo, fugiu ainda jovem para o Rio Grande do Sul. Fixou-se no atual município de Sant’Ana do Livramento e entregou todos os seis filhos à causa farroupilha. Impedido de lutar nos campos de batalha, colaborou como fabricante de pólvora, vindo a falecer nesse contexto.

 15 de maio de 1843

Nessa data, ocorreu um violento combate entre o general legalista Bento Manoel Ribeiro e o coronel republicano Jacintho Guedes da Luz, nas imediações de Sant’Ana do Livramento.
Durante a retirada, Guedes foi obrigado a abrir uma picada sobre um afluente do Ibicuí da Faxina, que ficou conhecido até hoje como “Passo do Guedes”.

 27 de fevereiro de 1844

As divergências internas entre os republicanos se acirraram durante a Assembleia Constituinte. O vice-presidente da República Rio-Grandense, Antônio Paulino da Fontoura, criticou duramente Bento Gonçalves, especialmente o decreto que confiscou os bens dos legalistas. Pouco depois, Paulino foi assassinado a tiros.

O crime foi explorado pelos imperialistas com conotação política. Onofre Pires do Canto,+opositor de Bento, acusou-o publicamente de envolvimento no caso. Após intensa troca de cartas, Bento Gonçalves desafiou Onofre para um duelo, realizado no arroio Sarandi, no local conhecido como “Topador”, em Sant’Ana do Livramento.
Onofre morreu em 3 de março de 1844 em decorrência dos ferimentos. O episódio, considerado um dos mais trágicos do decênio farroupilha, marcou o início do declínio da revolução.

 8 de outubro de 1844

Já em fase de decadência, a revolução mantinha pequenos grupos de guerrilheiros em ação. Nesse contexto ocorreu o chamado Combate de Santana, comandado pelo chefe republicano Bernardino Pinto contra forças imperiais lideradas pelo coronel Hipólito Cardozo. A retirada dos farrapos resultou em grandes perdas. O episódio ficou registrado como um dos últimos da “epopeia farroupilha”.

Trechos da obra pertencente ao Memorial Ivo Caggiani, denominada Sant’Ana do Livramento – 150 anos de história – Volume 1. Livro cedido pela Escola do Legislativo de Sant’Ana do Livramento.