No imaginário coletivo, a figura materna muitas vezes é associada à perfeição. Espera-se da mãe uma paciência infinita, uma entrega total, uma sabedoria que tudo resolve. Mas será que essa idealização faz bem — para as mães e para os filhos?
Na prática clínica e na vivência humana, aprendemos que ser mãe não é ser perfeita. Ser mãe é ser humana. É errar, acertar, tentar de novo. É amar intensamente, mas também sentir cansaço, medo, culpa. A maternidade real não se sustenta sobre um pedestal, mas se constrói no chão firme do afeto e da presença possível.
Dentro da psicologia, especialmente na abordagem psicanalítica, há uma ideia profundamente libertadora: a missão da mãe é, aos poucos, tornar-se desnecessária. Isso não significa deixar de amar, mas sim permitir que o filho se torne quem ele é, com autonomia e identidade própria. Uma mãe suficientemente boa — como nos ensinou o pediatra e psicanalista Donald Winnicott — é aquela que acolhe, mas que também frustra, que protege, mas que também solta. Ela não anula o filho, nem se anula por ele.
Nesse Dia das Mães, que possamos celebrar as mães reais: aquelas que fazem o melhor que podem com os recursos que têm, que vivem o desafio diário de educar, amar e deixar ir. Que possamos acolher a imperfeição como parte do processo e entender que a verdadeira grandeza da maternidade está justamente nisso: em preparar alguém para o mundo, mesmo que isso signifique não ser mais necessária.
Porque amar de verdade é libertar.
Feliz Dia das Mães!
Texto escrito por: Cinthya Sapundllieff
Psicóloga e Perita forense
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