No Dia do Trabalhador, celebramos as histórias de quem constrói o país com coragem, dignidade e sorriso no rosto. Ornete Flauzina da Silva, conhecida por todos como Netinha, tem 61 anos e uma dessas histórias que inspiram. Diarista, ela é daquelas pessoas que iluminam os lugares por onde passam. Com bom humor, fé e uma visão de mundo que só quem viveu muito pode ter.
Natural de Frutal, no interior de Minas Gerais, Netinha começou a trabalhar ainda criança, aos 6 anos. “Ou trabalhava ou morria de fome”, lembra. “Ou trabalhava ou estudava.” Eram dez irmãos, e a mãe os levava para trabalhar na roça. A escola, infelizmente, ficou para trás. “Não aprendi a ler até hoje”, conta, sem perder o brilho no olhar.
Já trabalhou em empresas de limpeza e, ao longo da vida, morou em diferentes cidades. Chegou a Sant’Ana do Livramento graças a uma patroa, cujo marido foi transferido como diplomata para Rivera. E aqui ficou, espalhando afeto e sabedoria com cada casa que ajuda a cuidar.
Apesar das dificuldades como: fome, frio, racismo e até noites dormidas na rua, Netinha prefere guardar as boas lembranças. “Em uma casa onde trabalhei, a família me esperou para sentar à mesa. Só começaram a comer quando eu sentei também”, conta, com carinho. “Tenho patrões que considero amigos. Tenho um carinho muito grande por eles.”
Para ela, as empregadas domésticas merecem mais reconhecimento e respeito. Seu sonho? “Ser juíza. Queria garantir direitos iguais para todos.” Mesmo sem toga, Netinha carrega uma sabedoria profunda: “O mundo precisa de pessoas boas, de palavras boas. Vamos seguir o exemplo dos ensinamentos do Papa.”
E como boa mineira de coração forte e alma leve, ela deixa uma mensagem neste 1º de maio: “Vamos pensar positivo e não chorar pelo leite derramado. Vamos amar, viver a vida, dar valor, estender a mão.”