O Hexa da Felicidade

A felicidade depende do ambiente em que estamos inseridos, ou cada um faz a sua? Eu não saberia dar essa resposta, mas um fato me salta aos olhos: segundo o Relatório Mundial da Felicidade, produzido pela ONU, o mesmo local abriga o maior número de pessoas felizes do mundo há seis anos consecutivos. Coincidência?
Nem só um país famoso por suas saunas e natureza abundante, a Finlândia é a nação com o maior nível de bem-estar social do planeta. Ela dá lição no resto do mundo no que se refere aos seis quesitos do estudo: apoio social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção.
Comecemos pelo mais chocante: as pessoas CONFIAM no governo. Sim, isso pode acontecer. Na Finlândia, não acontece de forma cega, já que o país é o terceiro com menos corrupção no mundo. Aparentemente, confiar no governo pode trazer sensação de amparo, um potente combustível da segurança emocional.
Poderíamos passar pelo sistema de educação exemplar (com professores muito bem pagos, obrigada, e crianças cinco anos a menos na escola do que no Brasil), a segurança elevada, o acesso à saúde de baixíssimo custo, o bom poder de compra e maior igualdade de oportunidades aos cidadãos – com aspectos como o filho do presidente podendo ser colega do filho do trabalhador com o menor dos salários, e mães de todas as classes sociais ganhando do governo os mesmos (e todos) itens para o bebê – etc., mas o que me cativa de verdade é a mentalidade dos finlandeses.
Conhecidamente satisfeitos, despreocupados com status social e com pouca necessidade de ostentação – é assim que a maioria das fontes descreve os finlandeses. O consumo desenfreado não é alimentado, o que faz com que a busca incessante sabe-se-lá-pelo-quê exista lá em absurdamente menor escala. Talvez por isso, tenham tempo para aproveitar tanto o cenário natural ao seu redor e sintam menos necessidade de competição, conforme relatado em inúmeras entrevistas, em abundância pela internet.
Conversando com dois nativos em certa ocasião, relataram-me a estranheza e incômodo que sentem, aqui no Brasil, quando em eventos sociais são imediatamente perguntados sobre sua profissão e o bairro que moram (residiam em nossa terra), tendo entendido que seriam categorizados de acordo com a resposta.
Respondendo a minha própria pergunta inicial, acredito que a felicidade seja sim uma busca individual, uma inclinação, talvez, mas impossível não relaxar e sorrir diante da possibilidade de respirar em um cenário com bosques e aurora boreal, sem perigo de serem curtidos à noite, em grupo ou sozinho, com suas necessidades básicas asseguradas e sem vizinhos reparando se a roupa do seu filho é do shopping ou do mercadão.