qui, 25 de julho de 2024

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CADÊ O PEIXE QUE ESTAVA NO RIO? TÁ NA CALÇADA.

Buenas!

Cadê o peixe que estava no rio? Está nas calçadas, nas casas, nas árvores, nos bueiros, está por aí, perdido em poças d’água, pedindo oxigênio para respirar, pedindo um lago, um rio para nadar, até para alimentar tantas pessoas que nas águas escuras dos rios gaúchos gostavam de pescar, está perdido…

Para mim, um peixe na calçada da rua dos Andradas simboliza o atual momento que enfrentamos, pois o mesmo peixe na antiga rua da Praia passaria despercebido, caso estivesse ali quando da chegada dos açorianos, há pouco mais de 250 anos. Hoje, após uma sucessão de aterros e de uma urbanização contínua – isto sem falar na poluição –, somos obrigados a dizer que este peixe está, para dizer o mínimo, deslocado.

Coitado do peixinho, por uma memória genética, achou que poderia ali nadar. Vã ilusão! A rua da Praia, a mais antiga da cidade, já é chamada de rua dos Andradas desde antes da metade do século XIX. Uma justa homenagem aos irmãos que lutaram pela independência do Brasil.

Era nela em que a população circulava para verem e serem vistos, onde ficava a grandiosa Livraria do Globo – o prédio ainda resiste, a livraria e editora, infelizmente, não – onde surgiram os primeiros cinemas da cidade, ela foi personagem de romances de Erico Verissimo e Dyonélio Machado, para citar só dois.

Não, amigos, o peixe não foi ao cinema. Sim, algumas salas ainda sobrevivem na calçada, salas que fazem parte de um dos maiores centros culturais da América Latina, a Casa de Cultura Mário Quintana, que foi moradia de nosso maior poeta.

O peixe, nem eu e nem vocês poderemos ir ao cinema tão cedo, as salas vão precisar de uma boa reforma, assim como os bares e restaurantes da rua, pois como se fosse num filme apocalíptico, as águas invadiram todos os espaços térreos. O centro histórico de Porto Alegre ficou às escuras por mais de duas semanas.

Quem sabe o peixe estivesse ali fazendo turismo, nos últimos anos aumentou muito o movimento na região, desde a valorização gastronômica do cais. Nem para alimentar os esfomeados ele poderia servir, como quando multiplicados por Ele, segundo a Bíblia. E, como disse, ele não morreu na praia, morreu na calçada de uma grande cidade, da mesma região de onde foram expulsos seus ancestrais…

Quem poderia imaginar que isto aconteceria?, dirão nossos governantes. E eu respondo: os ambientalistas, também chamados pelos detratores de ‘eco-chatos’. Desde os anos 1970 estudiosos como o gaúcho José Lutzenberger, alertam para fatos como este. O trecho abaixo faz parte de um artigo publicado em Zero Hora em 1974, após uma enchente no RS:

A repetição das calamidades provocadas pelas enchentes confirma o que há tempo já se podia prever. Se hoje os estragos são imensos e os mortos se contam às centenas, não tardará o dia em que os flagelados e os mortos totalizarão milhões. Somos incapazes de aprender com nossos erros. As advertências dramáticas da natureza de nada valem. Insistimos no consumo de nosso futuro.”

Do mesmo modo que ele fez há 50 anos, estamos contando os mortos às centenas. Ele não testemunhou a maior enchente da história, não viu a destruição de cidades, bairros e vilas, não assistiu tamanha destruição por parte da natureza, não viu o peixinho morrendo na rua da Praia.

Nada ou muito pouco dos seus alertas, foram ouvidos. Aliás, muita gente ouviu e mudou seu comportamento, muitos lutaram pela preservação do seu, do meu, do nosso meio ambiente. Acontece que a sua batalha e de seus seguidores é tão eficaz quanto uma gota no lago Guaíba, tão perdida como um peixe solitário na calçada.

No ano em que ele publicou este artigo em defesa das florestas, a população mundial era de 4 bilhões. Demorou uns 100 mil anos para que o homo sapiens chegasse neste número. Em 50 anos (vou repetir para ficar gravado na minha memória), em cinquenta anos dobramos a aposta e nos tornamos 8 bilhões!
Só gafanhotos se reproduzem com tal proporção na natureza. E como eles fazem para se alimentar? devastam plantações e florestas. Adivinhem como se sustenta 8 bi de humanos? Agindo como uma nuvem de gafanhotos, devastando cada vez mais florestas para criar pastagens e plantações.

E, como dizia o ambientalista gaúcho, o que acontece na China ou na Amazônia, afeta sim o ecossistema de sua cidade, de sua vila e é responsável por um peixe parar na calçada.

Já disse isso e repito: é gente demais no planeta! Dá para conviver? Até dá, mas só se mudarmos o comportamento coletivo e as decisões políticas. nossa geração não só vai contabilizar os mortos às centenas, como fez Lutzenberger, como nós estamos fazendo agora. Em breve poderão ser milhares. E nossos filhos e netos deverão dar sequência a esta álgebra cruel.

As centenas de pessoas e animais arrastados pelas águas e pelo barro em 1874 ou 2024, não voltam mais. Nós poderemos nos salvar, se começarmos a cobrar dos políticos medidas amplas. Sei que no Brasil isso não é muito produtivo, nosso sistema é muito ruim, não há representação regional de verdade, mas devemos tentar. Medidas preventivas não dão votos, mas remediar bairros e cidades destruídas muito menos.

Além de cobrar com ênfase de seus políticos, cada um deve fazer sua parte, separando seu lixo, cuidando do seu quintal, de sua rua, isto para começar a pensar em mudanças.

Senão, cada vez mais teremos que juntar das calçadas peixes perdidos e tão desalojados quanto os moradores de uma metafórica e simbólica rua da Praia…

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