qui, 22 de maio de 2025

Variedades Digital | 17 e 18.05.25

Da Lá, Pra Cá | Da Babilônia à Sapucaí parte II

Na coluna passada falei um pouco sobre o fenômeno Carnaval, desde quando se tem notícias dele até sua chegada no Brasil. Em nosso solo, tomou uma proporção inimaginável.
Chegou aqui como “Entrudo”: uma festa popular portuguesa, com brincadeiras de rua, sem música nem danças, onde a diversão era jogar objetos uns nos outros. O festejo se espalhou rapidamente, e as transformações logo vieram.
A africanização da festa foi gigantesca, a maior e mais crucial modificação, principalmente nas cidades brasileiras com os maiores portos escravagistas: Rio de Janeiro, Salvador e Recife (qualquer semelhança com os mais fortes Carnavais atuais NÃO é mera

Mais antigo bloco do país (desde 1918) e único sobrevivente da época dos “Cordões Carnavalescos” do século passado

coincidência). Com isso, ganhou musicalidade com a percussão dos fascinantes batuques angolanos e congoleses. Essa festa popularizou-se e ganhou as ruas: somadas às brincadeiras próprias do Entrudo, vinham os “Zé Pereira” (grupos de foliões tocando instrumentos de percussão pelas ruas), os blocos, Ranchos e Cordões Carnavalescos. O evento sofria repressão sistemática, criminalização e, no pós-abolição, até proibição, já que significava socialização e empoderamento dos negros – o que, sim, ocorria, já que muito se arrecadou verbas para fundos de alforria em festas de Carnaval.
Já as elites queriam um Carnaval europeu, de salão, com máscaras e Corsos. Criaram, também, o Congresso das Sumidades Carnavalescas, considerada a primeira associação carnavalesca, promovendo desfiles com fantasias luxuosas, inclusive com carros alegóricos.

Chiquinha Gonzaga, compositora da primeira marchinha de Carnaval, Ô Abre Alas (1899)

Em comum: o samba ia dominando ambos os cenários. Uma história à parte.
Os blocos continuam; os Zé Pereira deixam o legado de sua percussão: as atuais “baterias”; os Ranchos e Cordões foram se expandindo e modificando para se tornarem associações carnavalescas; os desfiles da elite deixaram de existir pela queda do império e abolição da escravatura, porém suas fantasias e alegorias foram incorporadas pelas novas e mais populares associações, que se tornariam as atuais… ESCOLAS DE SAMBA, enfim, chegando à Sapucaí, quando, já com saudades, me despeço, conforme prenunciado no título desta coluna.

Festejos Farroupilhas de Sant’Ana do Livramento Próximos de Reconhecimento Nacional na Câmara em Brasília

PL de autoria do Deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS) aguarda parecer na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) Um passo significativo para a preservação e valorização da cultura gaúcha foi dado na Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei (PL) 1140/2024, de autoria do Deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS), que busca reconhecer os Festejos Farroupilha de Sant’Ana