Buenas!
O Cinema já foi chamado de sétima arte e, como já disse, sem arte o mundo fica, para dizer o mínimo, sem graça. Lembram dos tempos inolvidáveis da pandemia? Todo mundo trancado em casa, cinema fechado, vai acabar, crise, viva o streaming, estamos salvos, temos tudo com internet e controle remoto, que se exploda o cinema, não é?
Ainda bem que, com o fim dos tempos pandêmicos – ao menos por agora –, o cinema voltou com força. A concorrência com o streaming permanece, ele veio para ficar, mas é uma concorrência saudável, diria.
Nada diferente dos anos 1950 em diante, quando disseram que o cinema seria enterrado pela tevê, o mesmo ocorreu nos anos 1980, com o advento do videocassete, depois com os DVDs e, vejam vocês: tá aí o cinema, tão poderoso como sempre.
Fiz questão de comprovar tal premissa. Municiado de algum tempo e interesse científico, fui ao cinema. Aleatoriamente, escolhi um filme qualquer: “Napoleão”. Bem capaz, escolhi esse porque sou fã de história, e do baixinho. E foi um dos maiores homens da história da humanidade. Sem nascer em berço de ouro, conquistou a Europa quase inteira, mexeu com o eixo do planeta, influenciando até na história do Brasil!
Já sabemos do que se trata, agora vamos saber quem trata o tema. O diretor é Ridley Scott, que fez Alien, Blade Runner e Gladiador, dentre outros. Pronto, já vale o preço do ingresso, sem a menor sombra de dúvida. Um especialista em grandes filmes, que exigem a tela grande do cinema, o som ambiental, não o ecrã de uma televisão, por maior que elas sejam nos dias atuais.
O ator é Joaquin Phoenix, que fez “Joker” magistralmente e ganhou todos os prêmios possíveis pela atuação. Coringa, que já rendeu Oscar para dois outros atores, rendeu para ele também que incorporou um Coringa em início de carreira.
E se você está lendo isso e não assistiu todos os filmes citados acima, há uma lacuna em sua formação cinematográfica, para não dizer moral. Largue esta leitura e procure estes filmes, assista-os em sequência e depois volte para cá e me agradeça de joelhos por ter apresentado estes filmes sem ter cobrado nada!
Impossível não citar Vanessa Kirby, que interpreta Josephine, a esposa do imperador francês. Não fosse ela uma das mulheres mais lindas do mundo, ela conquistaria a todos pelo talento e voz. Uma voz equivalente à sua beleza, então, tentem imaginar o que é a voz desta atriz britânica…
Pronto, nada mais iria me impedir de assistir este filme, muito menos críticas de críticos de cinema ou de historiadores. E o filme recebeu diversas. As mais contundentes, pesaram a mão no fato do diretor trocar algumas datas ou cenários envolvendo a personagem principal.
Primeiro, o filme não é um documentário. Segundo, o grande cinema exige costuras grandiosas, precisa cativar e emocionar a plateia. É óbvio que o diretor e roteirista utilizaram alguma licença poética para tanto, senão não seria arte. Se quer algo fidedigno à história, melhor é ler uma biografia, e Napo tem várias. Procure!
E o filme vale cada minuto dos mais de 150 que ele dura. A química entre Phoenix e Kirby é cativante. Ambos fizeram com maestria o dever de casa e apresentaram um Napoleão apaixonado e inseguro diante de uma mulher vivida e forte, além de belíssima, contrastando com a imagem do general e imperador que subjugou as maiores nações do Ocidente e colocou a Inglaterra no córner por anos.
E isso pode ser visto pelas lentes do diretor, que quis deixar ao alcance da plateia, a partir dos olhares e diálogos tal intimidade. Claro, não poderiam faltar as cenas de batalha, umas das especialidades do diretor e de Napoleão. Grandiosas, sangrentas, explosivas, como foram naqueles tempos de baionetas, espadas e pólvora…
Apesar de tudo, não há como esquecer as milhares e milhares – dizem que foram milhões – de mortes promovidas em batalhas em que ele liderou e lutou ombro a ombro com seus homens. Foi sangue demais, inclusive para tempos sangrentos, quase escorre pela tela.
Ou seja, um filme deste quilate até pode ser visto na tevê. Porém – não podemos deixar o porém de fora –, a tevê não irá entregar tudo que ele possui.
Por isso, fica aqui a dica, se morarem em uma cidade que tem cinema, é claro. Peguem suas pernas, uma garrafa d’água – pois refri e pipoca fazer muito barulho, mas pipoca doce de cinema, só no cinema – e vão assistir este filme, garanto que não irão se arrepender. Ou qualquer um do seu agrado. Não ganharei nada com isso, mas o cinema, a sétima arte e vocês, principalmente, vão me agradecer…