Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Perdi a conta das reportagens que já li sobre a importância que o ser humano tem de tirar férias. Apesar de reiteradas promessas, nem todas feitas durante o reveillon, é difícil desligar o celular e guardar o relógio. São mais de seis décadas de vida onde as folgas não têm espaço. Resultado, talvez, da paixão pelo jornalismo e por estar cercado de pessoas.
Sou colecionador de recortes de jornal, um “bicho papeleiro”. As gavetas transbordam com pedaços amarelados de jornais antigos ou de trechos surrupiados de revistas das salas de espera de médicos e dentistas, quando ainda mantinham este hábito de leitura, substituídos pelo wi-fi.
Entre os guardados frequentes estão locais para comer – restaurantes e lanches – xisburger e pizza –, além de lugares para conhecer em futuras viagens. Várias vezes pensei em jogar tudo fora. Uma parte – confesso – realmente foi para o lixo. Eram retalhos guardados há tanto tempo que os valores e roteiros estão desatualizados. Infelizmente para minha tentação proliferam conteúdos sobre viagens, uma predileção da maioria das pessoas.
Tenho um amigo que alimenta paixão semelhante. Ele conseguiu driblar a passividade e, acompanhado da esposa, a cada ano escolhe dois destinos, um curto, outro distante. Feita a escolha eles iniciam o planejamento financeiro, básico para viabilizar a ideia.
Tenho um casal de amigos que viaja muito, com casais parceiros ou com os filhos. É incrível a variedade de destinos que incluem desde praias paradisíacas a lugares exóticos, passando por pontos para trilhas cansativas e pouco conforto. O marido contou que duas vezes só soube para onde iam no caminho para o aeroporto.
– Ela (esposa) escolhe o lugar, monta o roteiro e os detalhes. Eu entro com o cartão de crédito! – segredou com uma gargalhada.
Outro casal de amigos, ambos aposentados, intercalam longos passeios de moto para a Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul com mergulhos culturais em roteiros pela Europa. Ele costuma enviar vídeos, fotos, textos curtos com impressões e detalhes que não aparecem nas imagens.
Tenho “inveja branca” de todos eles porque não consigo vencer a inércia. Mas sob a inspiração dos relatos amigos, sonho que até o final do ano vou viajar!