Editorial | O vale-tudo da política está de volta?

Causa surpresa a fala da ex-vice-prefeita Mari Machado (PSB) no programa Boa Tarde, Cidade, de quinta-feira (22). Na oportunidade, Mari defendeu a aprovação das contas do ex-prefeito Ico Charopen (PDT), que tem a recomendação de desaprovação pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. A repercussão nos bastidores da política foi imediata, tendo em vista o afastamento político sofrido pela liderança do PSB, na época em que estava ao lado de Ico na Prefeitura. Mari, entre outras funções, estava de titular das secretarias Geral de Governo, Planejamento e Sisprem, quando começou a ser afastada da administração, tendo sido restringida a apenas um cargo na sua assessoria. A diretora nacional do PSB foi alvo de diversas agressões verbais por correligionários do PDT, algumas de cunho estritamente de gênero e pessoal. Mesmo assim, três anos depois, diz não olhar pelo retrovisor e que a relação entre os partidos está acima de qualquer coisa que tenha acontecido com ela no passado. Práticas como esta são o retrato de que na política “vale tudo” para retornar ao poder, já que é tido como certa a natural candidatura da socialista ao cargo de prefeita no ano que vem. Fora essa questão, que é pessoal, mas que mostra o posicionamento político de uma importante liderança santanense, é necessário relembrar a maneira com que Ico e o PDT deixaram o governo passado: nesta mesma edição impressa de A Plateia, são apresentadas novidades com relação ao processo do Instituto Salva Saúde que, de acordo com a tomada de contas especial feita pela Prefeitura, significou um desvio de mais de R$ 2 milhões dos cofres públicos através da Santa Casa. Tudo isso em 2019. A pergunta que fica é: são os interesses da comunidade ou os pessoais que fazem com que sejam reatadas as relações?