Indústria de beneficiamento de lã será inaugurada em Sant’Ana do Livramento

Prestes a completar 200 anos de fundação no mês de julho, o nosso município guarda nas páginas da história importantes fatos como, por exemplo, a instalação do Frigorífico Armour, no começo do século passdo, grande empresa multinacional norte-americana, que tinha uma grande planta frigorífica, construída em uma antiga charqueada.
Em setembro de 1966 foi fundado, no município, o Lanifício Thomaz Albornoz S.A considerado um dos maiores e mais importantes da América Latina enquanto esteve em atividade.
Pois é justamente para unificar essas duas partes da história gaúcha e santanense, e resgatar a importância econômica do município no beneficiamento e industrialização de lãs, que o empresário Ricardo Biesdorf está apostando na criação da Tecno Lã Sul, instalada dentro da antiga planta frigorífica do Armour e que contará com o maquinário utilizado no lanifício. Após a compra da área, há alguns anos, o projeto foi repensado para unir história, turismo, geração de emprego e renda. A reportagem do Jornal A Plateia esteve com exclusividade acompanhando a montagem do maquinário original, que era utilizado tanto no Lanifício Albornoz quanto pela Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Fiação e Tecelagem de Santana do Livramento Ltda. – (COOFITEC) – que foi adquirido pela Tecno Lã Sul. Atualmente com 80% da empresa já instalada, Biesdorf destaca que quando estiver em funcionamento a indústria irá gerar 70 empregos diretos e terá capacidade de processamento de até 10 toneladas de lã por dia em um único turno.
“O objetivo da nossa empresa é trabalhar em parceria com produtores e empresários locais, proporcionando uma melhor estruturação do mercado da lã, uma vez que hoje há uma valorização muito grande das lãs finas, enquanto as lãs mais grossas não estão conseguindo entrar no mercado”, comenta o empresário.
Ricardo comenta também que a empresa irá trabalhar buscando parceiros das barracas locais e cooperativas, para dar destino às lãs mais grossas principalmente, que hoje não estão conseguindo mercado. “Como está muito difícil o fluxo financeiro para alguns produtores, nós vamos tentar pegar e processar a lã com o menor investimento financeiro possível dessas empresas”.
Além disso, a indústria está projetada para receber a visitação de grupos para acompanhar todo o processo desde a chegada da lã bruta até o produto final, explorando o local como atrativo turístico. A empresa pretende também disponibilizar um espaço para os artesãos do município exporem seus produtos de forma permanente, para isso será feito um paisagismo no entorno da indústria com a criação de ruas e ambientes para prática de lazer dos visitantes. “A nossa ideia é que este espaço fique aberto nos fins de semana para visitação, porque nós queremos fomentar toda a cadeia produtiva da lã. Pensamos nessa parceria com os artesãos locais para valorizar o trabalho deles”.
O empresário destaca ainda que a Tecno Lã Sul trabalhará com o processo de certificação com foco no bem-estar animal como um diferencial do seu produto. “Nós queremos trazer um pouco mais de expertise na área comercial buscando uma certificação internacional e do produtor onde nós iremos ter um selo de bem-estar animal, vamos estar colocando no mercado uma lã certificada e com selo de qualidade. E isso se estende até a propriedade que também poderá ser certificada”.
Ricardo Biesdorf disse ainda que a empresa buscará atrair clientes internacionais que serão convidados a vir ao município conhecer o produto na sua origem além da história e tradição local na produção e criação de ovelhas. “Nosso projeto aqui não é só uma indústria de lã, vamos viabilizar o turismo também. Teremos oliveiras e uvas da região que são plantadas aqui dentro, uma cabanha de ovinos e outra cabanha de cavalos crioulos, além de outras atrações”.