Com a possibilidade de criar novos cursos de medicina no Brasil, após terminar o tempo de vigência de uma portaria, do então presidente Michel Temer, que proibia a ação, representantes de Sant’Ana do Livramento começaram a se mobilizar para ter a formação no município. Desde o início do terceiro mandato do presidente Lula, em janeiro deste ano, a bancada do Partido dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Livramento e membro da Associação Comercial e Industrial de Livramento (Acil) estão articulando para que o governo federal instale um curso binacional de medicina na Universidade Federal do Pampa (Unipampa). A ideia é um projeto de campanha do então deputado federal, hoje ministro de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta. Em março, o vereador Aquiles Pires (PT) e o diretor da Acil, Raed Shweiki, foram pessoalmente até o Ministério da Educação e entregaram um documento da Comissão de Saúde de Livramento, que dá detalhes da necessidade de médicos no município, destacando que a instalação de um novo curso impactaria cerca de três
milhões de pacientes, considerando que também atingiria o norte do Uruguai. “Nós sabemos da crise da saúde pública que está estabelecida e é lógico que a ideia venha a calhar. A necessidade do presente faz com que a gente olhe para o futuro e veja que uma universidade de medicina abre para o SUS um avanço. Acreditamos que a formação de novos profissionais beneficiarão a nossa comunidade”, diz o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Livramento, Horácio Dávila. Diretor da Confederação Nacional da Saúde e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Livramento (SindiSaúde), Silvio Madruga destaca que em uma cidade do interior, que a cidade mais próxima fica a 100 km, a formação de novos médicos é benéfico para o hospital Santa Casa que atende pelo SUS no município. “O sindicato vê com bons olhos esse movimento de lideranças do municípios
para trazer o curso de medicina. A nossa classe operária entende que é muito bom que esteja se fazendo alguma coisa para resgatar a dignidade do nosso hospital centenário”, afirma. Nessa semana, um encontro na sede do
SindiSaúde reuniu lideranças sindicais, empresariais e políticas para tratar sobre a viabilidade do curso e as mudanças que poderia trazer para a cidade e região. A expectativa econômica tamb ém é elevada a partir da instalação do curso. “Temos a possibilidade de resolver vários problemas, um deles é a crise financeira da Santa Casa, pois pode tornar o hospital uma escola. Além de ser um curso único, referência para as Américas, se ele
for binacional, como nós pretendemos. A gente pode olhar esse curso em comparação com a vinda da Unipampa a Livramento. A cidade mudou, hoje nós temos diversas obras, que até a instalação da Unipampa nós não tínhamos”, complementa o diretor da Acil, Raed Shweiki. Da mesma forma o diretor estadual do Sindicato dos Radialistas e conselheiro de Saúde, Edison Silva. “Vejo essa possibilidade com bons olhos, pois assim poderemos qualificar o nosso jovem fronteiriço de maneira binacional, o mantendo aqui”, diz. “Livramento vem vivendo uma situação de perdas, então precisamos nos unir para alavancar a nossa cidade, colocando-a em um patamar que precisamos estar há muito tempo. Além disso, queremos nos somar, para dizer que nós queremos um curso binacional. Nós já temos a Unipampa, não podemos perder essa oportunidade”, complementou o vereador Aquiles Pires. Leda Marisa, diretora do hospital Santa Casa, classifica a possibilidade como reveladora e relevante. “Revela uma fantástica perspectiva, uma possibilidade de crescimento para região, a partir de investimento via educação, com vistas à formação de profissionais de medicina, por vezes tão escassos, especialmente em algumas regiões do Brasil. Relevante, de grande valor humano e simbólico, os profissionais da saúde têm como alvo da sua formação e esforço, cuidar a vida, em todas etapas. E, diante do possível cenário promissor, fico acreditando que o hospital Santa Casa de Misericórdia, seja concomitantemente alcançado pelo projeto do curso de medicina
na Unipampa e também parceiro na viabilização e execução”, classifica a diretora.
Confira a retrospectiva do curso de direito da Urcamp
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