Que as redes sociais influenciam a vida das pessoas, já se sabe, mas quando saber se elas são a solução dos problemas ou uma armadilha no cotidiano? As últimas semanas trouxeram um alerta aos pais e a toda população sobre o uso das redes para fins violentos. Ondas de ameaças e até ataques trouxeram uma intensa sensação de comoção e alteração na rotina escolar de crianças e adolescentes.
COMO AS ESCOLAS ESTÃO LIDANDO?
As escolas do Estado ofertam, desde o ano passado, a disciplina Cultura e Tecnologias Digitais que aborda os diversos sentidos e conceitos de tecnologia, implicações e impactos no mundo cotidiano. A professora Gabriela Fuchs Aduati, vice-diretora do colégio Alceu Wamosy, leciona a disciplina para alunos do ensino médio e explica a importância da disciplina, pois detalhes básicos sobre como utilizar as tecnologias sem gerar danos para si e para outras pessoas não são ensinados. “Nós sabemos que a responsabilidade d a es cola s obre o que os alunos fazem ou não na internet é bastante limitada. Inclusive, os p a is têm dificuldade também de conferir e acompanhar o que eles cons omem, o que eles repassam e postam. Na escola tentamos instruí-los da melhor maneira possível para usar essa ferramenta de uma forma saudável e dentro da legislação”, explicou a vice- -diretora, frisando que esse trabalho vem sendo construído com a Patrulha Escolar da Brigada Militar e com profissionais, através de palestras.
PLANEJAMENTO DA BRIGADA MILITAR
O Comando Regional de Polícia Ostensiva da Fronteira Oeste (CRPO-FO) reforçou o policiamento ostensivo através da Patrulha Escolar. O comandante do CRPO, tenente coronel Antonio Felipe Zinga, informou que um quantitativo maior de policiais está operando nas ruas. “Colocamos um reforço dos policiais que atuam internamente, num esforço concentrado nas escolas dando ênfase a esses episódios que tem acontecido. Solicitamos que as mensagens recebidas não sejam replicadas, nem compartilhadas em grupos e redes sociais”, frisou o comandante, pedindo que os pais fiscalizem o que está sendo acessado nas redes sociais e nos grupos privados pelos jovens e adolescentes.
O QUE PENSAM OS JOVENS?
Amanda Romero, tem 11 anos e está no 6º ano do ensino fundamental e pensa que tudo precisa ter seu limite tanto nas redes sociais quanto no controle dos pais. Ela costuma utilizar os aplicativos mais comuns de redes sociais e de streaming. “Eu uso Instagram, WhatsApp, TikTok, Pinterest, Netflix, YouTube, YouTube Music, etc”. Questionada sobre o uso das redes sociais pelos jovens e adolescentes, se há uma maneira correta, Amanda diz que cada um usa do seu jeito. Sobre o controle dos pais, a adolescente relata que acha extremamente importante a privacidade e entende que os pais devem confiar nos filhos. “É necessário confiar nos filhos e não tentar brigar. Conversar sempre é melhor. Se eles tiverem algo para contar, vão contar no tempo deles”, disse. Amanda
ainda deixa um recado para que os jovens tomem cuidado com as redes sociais e cuidem deles mesmos. No segundo ano do ensino médio, Luis Pedro, de 16 anos, que utiliza as redes para entretenimento e comunicação, acessa os aplicativos mais populares entre os jovens, mas relata que a maioria está relacionada à escola, com grupos de trabalhos escolares e de amigos mais próximos. Questionado sobre se os jovens sabem utilizar as redes sociais de maneira adequada, Luis relata que “a maioria sabe sim, creio que uma parcela pequena tende ir pra esses lados mais ‘obscuros’ digamos assim”, disse. Sobre os últimos acontecimentos, o jovem acredita que não vá acontecer de fato, mas a dúvida e o medo sempre estão presentes. “Até porque é uma situação delicada e olhando a nível nacional e internacional onde já ocorreram coisas terríveis em outros lugares, 100% tranquilo não dá pra ficar”. Luis Pedro conta que está sempre mostrando para os pais o que vê na internet, seja bom ou ruim e que, dependendo do histórico da relação dos pais com o jovem,é necessário uma intervenção.
PREOCUPAÇÃO DOS PAIS
Karina Romero, mãe de Amanda, aposta no diálogo franco com a filha sobre todos os assuntos, mas deixa evidente a sua preocupação com o uso das redes pela jovem. “Pela minha rotina de trabalho não consigo acompanhar muito. Durante o dia não sei o que está vendo, mas sempre que posso, procuro conversar com ela e olhar as atividades que ela tem feito e o teor das conversas no celular”, relatou. Karina, ainda reitera que é importante
que os pais dialoguem com os filhos sobre todos os assuntos e contar as situações que podem acontecer. “O diálogo sempre é o melhor. Tento me aproximar dela contanto situações que podem acontecer, como evitar, recomendando e alertando sobre as maldades que algumas pessoas podem tentar”. Miriam Couto, mãe de Luis Pedro, procura sempre acompanhar o acesso dos filhos às redes sociais. Ela diz que, hoje em dia, a tecnologia avanç ada acaba impedindo o acompanhamento, mas que dentro do possível está de olho. “Acompanhar as atividades é bastante difícil pois hoje eles
estão totalmente voltados para o uso da internet, na escola, os cursos e com os amigos, mas sou bastante presente na vida escolar dele”, relatou Miriam. Sobre os cuidados que tem, a mãe de Luis Pedro procura estar sempre alerta e quando surge qualquer situação de perigo chama os filhos para uma conversa. “Mostro que a responsabilidade é dele e as consequências também, sejam elas boas ou ruins. Amo intensamente meus filhos, mas
sou extremamente clara quanto às suas responsabilidades. São cientes do que é certo e errado e do que podem ou não podem fazer”
AMEAÇAS E ATAQUES: ENTENDA O CONTEXTO
M e n s a g e n s d e texto, imagens e vídeos incitando atos de violência em instituições de ensino vem sendo registradas por todo o país. Muitas delas citam o d i a 2 0 de abr i l como um possível
“dia do massacre”. Esta data é citada em a lus ão ao d i a 20 de abril de 1999, onde dois estudantes armados invadiram uma escola em Columbine, nos Estados Unidos. No massacre, 12 alunos e um professor foram mor tos e o episódio foi o estopim para a criação de diversos movimentos anti armamentistas ao redor do mundo. Presente em diversos fóruns virtuais, mensagens alusivas a este episódio e a qualquer outro ato de v i ol ê n c i a p o d e m s e r e n q u a d r a d o s no C ó d i g o P e n a l como crime de incitamento ao ódio e à violência, previsto no Art. 240 do do c u mento. A c o m p r o v a ç ã o d o cr ime p o de gerar uma pena de seis meses a cinco anos de prisão.