O caso de um aluno do primeiro ano do ensino médio da Escola Liberato Salzano Vieira da Cunha foi vítima de racismo, nesta semana. O fato teria acontecido na manhã da última quinta-feira (23) e foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) como injúria discriminatória. Segundo informações, os alunos (vítima e agressor) teriam se desentendido no recreio após um deles chamar o colega de “negro”. A Brigada Militar esteve no local e conduziu os alunos ao Pronto Atendimento Municipal (PAM) para a realização de exames. Na tarde do mesmo dia, a família do aluno acusado de racismo solicitou a transferência dele da escola. A informação foi confirmada pela 19ª Coordenadoria Regional de Educação. Com a divulgação do fato pela imprensa, o
caso ganhou repercussão na cidade. Diversas entidades, pais e alunos se manifestaram sobre o assunto. O Movimento de Mulheres Negras e a Frente Parlamentar Antirracista da Câmara de Vereadores lançaram notas repudiando práticas racistas. O aluno da escola acusado de praticar racismo contra seu colega, aparece em uma foto divulgada nas suas redes sociais, com uma bandeira dos Estados Confederados no peito. No mesmo registro fotográfico, assim como em vários outros, ele está armado com uma arma air soft. A bandeira dos Estados Confederados foi utilizada pelos estados do sul dos EUA durante a Guerra de Secessão, entre os anos de 1861 e 1865. Na época, os Confederados passaram a perseguir e matar homens e mulheres escravizados que tentavam fugir para o norte em busca de liberdade. Atualmente, a bandeira é utilizada por grupos racistas e supremacistas brancos. O símbolo passou a ser propagado no mundo inteiro, principalmente por meio de fóruns na internet e redes sociais.
O QUE DIZ A ESCOLA
Em nota, a direção do Instituto Liberato Salzano Vieira da Cunha afirmou que aconteceu uma briga entre alunos, menores de idade, que tiveram um desentendimento a partir de uma fala racista e que a escola “tomou as devidas providências por não compactuar com violência e racismo, pois alguns fatos encaminharam-se para uma dimensão exagerada”.
FORÇAS DE SEGURANÇA
Depois da repercussão do caso de racismo e do registro feito na DPPA, surgiram nas redes sociais diversas mensagens referindo a possibilidade da realização de um massacre no educandário. De posse dessa informação, o comandante do 2º RPMon, major Aníbal Silveira, afirmou que a Brigada Militar reforçará o policiamento na escola. “Nós estamos monitorando, estamos acompanhando as mídias abertas com as divulgações que estão sendo feitas, mas nós vamos reforçar o policiamento na escola, entradas e saídas, para que, se houver qualquer atitude suspeita, a gente possa agir. Estamos cientes e acompanhando”, relatou o major. Procurada, a delegada da Polícia Civil, Giovana Müller, afirmou tratar-se de um adolescente infrator e que o procedimento tramita em sigilo.
SEM AULAS
Na noite de quinta-feira, a equipe diretiva do educandário anunciou o cancelamento das aulas, nos três turnos, na sexta-feira, dia 24 de março. Este dia letivo, será recuperado em outro momento a ser informado de acordo com a alteração do calendário escolar. “O motivo deste cancelamento se dá, pelos ‘boatos de um possível massacre no educandário’ que circula pelas redes sociais, após um conflito entre alunos da Instituição. A Escola preocupada em manter a segurança e a tranquilidade de todos opta por esta precaução”, finalizou
PROTESTO
Os alunos do Liberato estão organizando uma manifestação em frente à escola para a próxima segunda-feira (27). “O antirracismo não é uma escolha, é uma obrigação moral”, diz o cartaz divulgado pelos discentes nas redes sociais.