Apesar da chuva registrada na última semana ter amenizado um pouco o calor, o quadro de estiagem no munícipio segue se agravando pela combinação de temperaturas altas que têm superado facilmente os 35 graus na Fronteira Oeste, neste início de 2023. A situação é vista com preocupação pelos produtores da região. É o caso dos plantadores de soja que, pelo terceiro ano consecutivo,
são castigados com a estiagem, quando lavouras inteiras foram perdidas e os prejuízos econômicos são inúmeros. Segundo o engenheiro agrônomo e consultor técnico da Cotribá, Jean Carlo Fachinetto Campos, atualmente, o município possui mais de 75 mil hectares de soja e muitas dessas lavouras já apresentam problemas. “Dados do IBGE mostram 60 mil hectares, mas está desatualizado no meu ponto de vista”, destaca o agrônomo sobre a área plantada. Em relação às condições climáticas, os dados computados pela Cotribá em suas áreas atendidas na região da Faxina, em Livramento, apresentam chuva muito abaixo da média nos últimos meses. Em outubro foram 72mm; novembro, 74mm; dezembro, 16mm; e janeiro, 10mm. Conforme o consultor, os registros mostram a gravidade da situação. “As médias estão muito abaixo. O normal seria algo entorno de 150mm em cada mês e, em janeiro, 70mm de média. E ainda são chuvas muito mal distribuídas que acabam não conservando uma boa umidade no solo, pois temos exemplos de ficarmos até 20 dias sem uma boa chuva e com temperaturas altas”, explica. O consultor técnico da Cotribá explica que o zoneamento da cultura da soja no município de Livramento inicia a partir de 10 outubro, se estendendo até 20 de dezembro. “A soja, hoje, se encontra em um estágio vegetativo, onde ela não consegue se desenvolver criando um ambiente favorável. Se a gente tivesse condições ideais, ela estaria em muitas dessas áreas entrando em estágio reprodutivo em plena floração. Se tudo ocorresse de acordo e o clima estivesse bom, essa soja seria colhida entre a última semana de março entrando o mês de abril”. Segundo Jean, a quantidade de umidade certa é essencial para o bom desenvolvimento da planta. “Na fase inicial, a falta de água faz com que essa planta fique “estrangulada”, o aquecimento criado nela
causa um anelamento por consequência do calor e acaba matando a planta. Em lavouras mais estabelecidas, que foram plantadas mais cedo, o processo é semelhante: a planta começa a ficar “estressada”, quando ela vira as folhas para cima para se defender, fecha a sua respiração e aí ela começa a ter um engrossamento de raiz e o caule até o nível do solo, apresenta rachaduras. Neste estágio, as folhas começam a secar e morrer criando uma necrose por falta de nutrientes”, complementa.


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