As festas de fim de ano são tradicionalmente marcadas por reuniões e comemorações entre familiares e amigos. Entre os “rituais” está a queima de fogos e, especialmente em Sant’Ana do Livramento, a soltura de bombas, estalinhos e rojões são marcas da cultura de celebração nesta época do ano, mas para algumas pessoas, como aquelas portadoras do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), este pode ser um período de muito sofrimento, justamente em razão das bombas. A hipersensibilidade ao som é uma das causas de crises enfrentadas por pessoas com autismo neste período. Segundo a psicopedagoga especializada em neuroaprendizagem
infantil, Helena Torres, “o desconforto se dá pelo impacto de sons inesperados, sejam eles de qualquer origem. Há relatos de crianças e jovens que afirmam sentir dor física quando expostos a barulhos altos e que transmitem vibração pela propagação. Cada pessoa que
possui TEA tem características únicas, mas a hipersensibilidade a estímulos sensoriais, especialmente aos sonoros, é a mais comum, que pode acarretar choros, crises, instabilidade emocional e comportamental”, explicou.
“APRENDI A NÃO GOSTAR DE NATAL E FIM DE ANO”, MÃE DE CRIANÇA COM AUTISMO FAZ APELO À COMUNIDADE SANTANENSE
A funcionária pública Cátia Paines é mãe de Andrew que possui TEA. Ela relatou as dificuldades enfrentadas pela família nesta época do ano em razão das bombas e dos fogos de artifício. “Meu Natal foi horrível. Eu aprendi a não gostar de Natal e Fim de Ano porque tenho que passar em casa, trancada no quarto, e mesmo assim o Andrew tem crise por causa dos fogos. Meu filho é sensível ao barulho dos fogos. Ele ainda está se recuperando do Natal, e já vem o Ano Novo, dá um desespero. É muito triste”, relatou. A batalha enfrentada para manter a saúde de seu filho estendeu-se também para uma luta coletiva. Cátia é presidente da Associação de Pais e Amigos do Autista (APAA) de Sant’Ana do Livramento. Criada em 2015, a associação possui mais de 500 filiados e presta apoio às famílias de pessoas com autismo, além de realizar eventos educativos a fim de informar e desconstruir estigmas em torno do TEA. Buscando a inclusão e a melhora na qualidade de vida dessas pessoas, a associação percorre agora um outro objetivo: a aquisição de uma sede própria. “Estamos no aguardo do executivo municipal, que já nos recebeu e estamos esperando o local solicitado para temporariamente nos servir de sede. Daí sim, poderemos colocar em prática projetos já prontos para nossos filiados. Sempre visando nossos autistas. O objetivo principal da nossa gestão é contarmos com uma sede, pois nunca tivemos. Com um local próprio, será possível colocarmos em prática projetos viáveis
à nossa realidade santanense”, contou Cátia
FUTURO PRESIDENTE DA APAE FOI DEFENSOR DA CAUSA NO LEGISLATIVO
O ex-vereador Carlos Nilo, que assumirá a presidência da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no próximo dia 2, promoveu debates e apresentou projetos no legislativo santanense a respeito dos autistas. “Buscamos à época disseminar e ampliar o debate sobre inclusão de pessoas autistas por meio de políticaspúblicas. Em 2013, lançamos uma cartilha queteve 200 mil exemplares
distribuídos em todo o estado, além de promover seminários”, lembrou. Agora, à frente da APAE a partir de janeiro, Nilo dará seguimento na atenção às pessoas possuidoras de qualquer necessidade especial, levando consigo a experiência dos anos de atuação na área. “Este agora é o novo desafio. E essa bagagem em torno do TEA contribuirá para o trabalho na APAE, na promoção de políticas de atenção e tratamento àqueles que precisam”, concluiu.
