A Polícia Federal deflagrou, nessa quinta-feira (13), a Operação Fauda, para combater organização criminosa especializada na prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, contrabando e descaminho, com suspeitas de envolvimento com grupos da região metropolitana do Rio Grande do Sul e de São Paulo. O termo “fauda” significa caos, em árabe, e o nome escolhido para a operação faz alusão a um jargão militar israelense, sinalizando justamente a frustração das operações logísticas do grupo investigado.
Durante a ação, os policiais federais prenderam um homem e uma mulher. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, além de sequestros de bens e de valores. Ao todo, foram apreendidos R$ 606.929,00 em moeda nacional; $ 1.496.440 pesos uruguaios (o equivalente a R$ 190.264,48) e R$ 1.291.875 em cheques, além de uma motocicleta, dois jet skis, dois quadriciclos, cinco caminhões e dez automóveis.

Conforme apurado, há indícios do envolvimento dos membros da organização com práticas criminosas desde 2009. Nesse período foram realizados, ao menos, 20 inquéritos, indicando a participação em delitos transfronteiriços. Somente no último ano, foram 4 prisões em flagrante realizadas a partir do monitoramento de membros do grupo.
Segundo a PF, os investigados mantêm atividade voltada ao comércio de sucatas. As primeiras apurações focaram justamente o contrabando de lixo e de resíduos, prática essa que sempre capitaneou as atividades do grupo. Com o passar dos anos e a expertise adquirida na logística de transportes da fronteira, os envolvidos passaram a abarcar as operações de diversos outros delitos cometidos, especialmente o contrabando e o descaminho de mercadorias.
A partir do mapeamento de operadores financeiros do mercado de câmbio informal da fronteira, a Polícia Federal passou a rastrear os movimentos econômicos da organização, identificando que as empresas e os membros do grupo passaram a operacionalizar toda a engrenagem financeira necessária para o cometimento dos delitos investigados, inclusive, pela remessa de valores ao exterior e pelas operações de câmbio.
Nos últimos 5 anos, o grupo movimentou 91 milhões de reais em recursos potencialmente ilícitos, dos quais, ao menos 39 milhões foram evadidos – possivelmente para o pagamento de mercadorias e fornecedores no exterior.


A apuração demonstrou que a organização passou a centralizar todas as etapas do processo criminoso, envolvendo a operação logística e financeira. Dada a capacidade operacional, foi identificada a atuação em cooperação com outros grupos criminosos, especialmente da região metropolitana do Rio Grande do Sul e de São Paulo, funcionando como braço logístico dessas outras organizações.
O principal membro do grupo, suspeito de ser o líder da organização, com o passar dos anos, promoveu a blindagem de seu patrimônio, com a transferência de bens e veículos a terceiros e com o investimento em empreendimentos e eventos esportivos na região. A dinâmica estabelecida buscou distanciar o líder da organização das atividades criminosas praticadas, dando aparência de licitude ao patrimônio ostentado pelo investigado. Todavia, a própria formatação da organização, a partir dos membros da família do principal investigado, acabou vinculando-o aos delitos mapeados.