Organizar a cadeia produtiva da ovinocultura e promover o debate sobre o setor foi o objetivo da reunião do Projeto Rota do Cordeiro realizada na última quinta-feira (18) em Sant’Ana do Livramento. O encontro aconteceu no CTG Presilha do Pago e contou com atividades pela parte da manhã e tarde.
O encontro foi promovido pela Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais no Rio Grande do Sul (FETAR-RS) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), de Sant’Ana do Livramento, na pessoa de sua presidente, Maria Felícia da Luz Castro. As rotas são políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional do Brasil que visam potencializar as diversas regiões do país e seus produtos locais como forma de subsistência. No Rio Grande do Sul existem, por exemplo, a Rota Alto Camaquã com sede em Bagé, e Rota do Cordeiro com sede em Livramento com o foco direcionado somente na ovinocultura.
Durante o encontro que contou com a participação de produtores rurais da região, representantes da Unipampa, Emater, Secretaria Municipal de Agricultura, Sindicato Rural de Livramento, Sebrae, e demais técnicos ligados ao setor, foram apresentados resultados do diagnóstico da cadeia do cordeiro realizado entre os anos 2015-2017 pelo DIEESE. Os dados foram apresentados pelos pesquisadores do departamento, Ricardo Franzoi e Marcos Souza.
O diretor-financeiro da FETAR-RS, Denílson Aguiar, destacou a importância de promover o debate entre todos para, em seguida, sair em busca de aporte financeiro para alavancar a cadeia produtiva do cordeiro. “Não temos dúvidas de que foi uma ótima oportunidade para o trabalhador, o pecuarista familiar, o empresário, enfim, a economia da região como um todo”, justifica o dirigente.
Dados da Criação de Ovinos no País
O Brasil contava com um número médio de 20,6 milhões de cabeças no triênio 2018-2020. Entre as unidades da federação, a Bahia é o estado com o maior rebanho do Brasil, seguido pelo Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará e Piauí, todos com rebanho com mais de 1 milhão de cabeças. Segundo a Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE, o estado do Rio Grande do Sul registrou em média, no período 2018-2020, um rebanho de 3.065.548 cabeças/ano.
Considerando a última década, pode-se afirmar que o Estado vem diminuindo a participação do seu rebanho em relação ao total do Brasil, embora o número de cabeças tenha se mantido relativamente constante no período. Isto porque, nos últimos anos, outros estados do Brasil, principalmente do Nordeste, despontaram na atividade. Naquela região foram introduzidos ovinos de raças deslanadas, mais adaptadas ao clima tropical e de alta rusticidade por emprego de melhoramento genético e técnicas de manejo específicas que propiciaram a elevação da produtividade, com foco na produção de carne e peles.
No Rio Grande do Sul, a criação de ovinos, atividade mais tradicional, continuou baseada na produção de ovinos de raças para a produção de carne, lãs e mistas, mais adaptadas ao clima subtropical. Atualmente, a produção de carne tornou-se também o principal objetivo da ovinocultura no Estado, em função da elevação dos preços pagos ao produtor que tornaram a atividade mais atraente e rentável.
No período de 2018 a 2020, sete municípios apresentaram produção média superior a 100.000 cabeças. Estes, somados, respondem por aproximadamente 37% do total do rebanho gaúcho. Os principais municípios produtores encontram-se, principalmente, na porção sul e sudoeste do Rio Grande do Sul. Sant’Ana do Livramento com 303.350 cabeças em média é o maior, seguido de Alegrete com 200.121 cabeças.