Passei muito tempo até aceitar a minha inclusão nas mídias sociais porque achava algumas atitudes estranhas, tais como ficar tirando foto do seu prato e postando na internet. Tudo bem, novidade é novidade. Tinha gente (e até hoje tem, depois de tanto tempo passado) que postava cada passo que dava, as roupas que comprava, sua vida pessoal cada vez mais escancarada. Às vezes para esnobar sua condição social tirava fotos (antes a selfie não era tão comum) em bares ou boates badaladas para mostrar para os amigos, como dizendo: olha, como sou poderosa (o). Só que agora esses postadores de imagens passaram a influenciar a opinião, a educação de uma nova geração, são os chamados influencers, que como o nome em inglês diz, influenciam com seus pontos de vista tornando os jovens seus seguidores, seja no que for: nas crenças religiosas (quando há uma formação religiosa, é claro), na filosofia de vida, como consumir roupas só de marcas, drogas, ouvir música – eu disse música? – jogos, estilos de vida, etc… e os jovens imaturos, sem referência, desesperados por um líder, um ídolo, alguém com opinião forte e que fale a sua linguagem, acabam seguindo. Será que o mundo está tão sem referência que qualquer estranho, que nunca ouvimos falar antes, que não sabemos de que biboca saiu, quem é ele “na fila do pão” como diz meu colega Rodrigo, vai se tornar o guia dos nossos filhos, dos nossos netos? Antes havia o patriarca, conforme a situação até seria a matriarca, que servia de parâmetro. Evidentemente, que a geração seguinte contestava muito os valores, modificando, modelando, adaptando a sua própria geração, mas daí a jogar por terra tudo o que aprendemos como certo, como manter nosso caráter ilibado, como sermos honestos, todos os valores que devem ser preservados para ter-se uma sociedade mais justa, mais limpa, mais solidária, jogar tudo isso fora, daí a distância é grande. Um amigo jovem, muito jovem me disse: “Não é que os adolescentes estejam errados, é que seus pais os tiveram muito jovens, sem maturidade para educar seus filhos”. Os influencers são filhos da geração Z, o que significa que seus pais nasceram no boom da era digital, um mundo onde quase todas as coisas estão distantes, muito distantes, quase fora do nosso alcance, até que a realidade bate na nossa porta.