Há quase uma década compondo os horizontes do pampa, empreendimento é resultado de esforço coletivo
Neste sábado, dia 6, o Complexo Eólico Cerro Chato completa nove anos de atividades comerciais em Sant’Ana do Livramento. Em atividade desde 2011, o complexo abriga 11 parques com 108 aerogeradores, popularmente conhecidos como cataventos, que juntos, geram 217 megawatts (MW), o que é suficiente para abastecer mais de 1 milhão de consumidores.
Após a Eletrosul ter tido sua estrutura de geração privatizada em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2004, através de algumas alterações na Legislação, o investimento na geração de energia por parte da União voltou a ser autorizado. A partir daí tiveram início os estudos para que a construção fosse viável.
Em um primeiro momento, o santanense Ronaldo Custódio, à época, Diretor Técnico da Eletrosul, instalou estações de medição do ventos por diversas localidades cujos dados deram origem ao Atlas Eólico do Rio Grande do Sul. Durante as medições ficou evidente o grande potencial produtivo das localidades compreendidas dentro do território santanense.

(Foto: Arquivo)
Com os resultados promissores em mãos, foi elaborado o primeiro projeto do complexo eólico Cerro Chato e em 2009 a Eletrosul vencia o 1° Leilão de Energia de Reserva (LER) com a melhor proposta. Desde então, as obras começaram e a usina eólica passou a acumular títulos sendo a obra de parque eólico mais rápida já feita no Brasil. Foi também a primeira usina de geração de energia elétrica da Eletrosul, na sua volta como empresa geradora, e o primeiro parque eólico dos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a entrar em operação.
As articulações para que o empreendimento virasse realidade na fronteira tiveram início nos primeiros anos do novo milênio e contaram com a colaboração de diversos santanenses. Durante quase uma década, empresários e autoridades da cidade foram presença ativa na Assembleia Legislativa em Porto Alegre e também em Brasília.
Além de grandes entidades e empresas privadas, destaca-se a atuação de Custódio, responsável técnico pela instalação do parque. Mestre em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, o santanense participou ativamente da estruturação, projeto e implantação de 39 usinas eólicas, quatro hidrelétricas e diversas subestações e linhas de transmissão por todo o Brasil.
No próximo mês, Custódio completa 31 anos na estatal e, quando perguntado sobre qual é o seu sentimento de ter ajudado a tornar realidade uma das iniciativas mais importantes para a região nos últimos anos, afirmou: “Me sinto muito feliz e realizado, tanto profissionalmente quanto como santanense. Me criei levantando pandorgas na fronteira e ver o nosso vento virar energia e desenvolvimento é muito gratificante”.
Murilo Alves
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