qui, 16 de maio de 2024

Variedades Digital | 11 e 12.05.24

Preso no Paraguai, Roberto de Assis Moreira planejou a abertura do Bingo R10 em Porto Alegre

O empresário e o irmão dele, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, participariam de eventos no cassino Il Palazzo, em Assunção

Presos no Paraguai desde o dia 4 de março, o ex-jogador Ronaldinho e seu irmão e empresário Roberto de Assis Moreira teriam entre seus interesses no país o ramo dos cassinos. Uma das atividades deles em Lambaré, nos arredores de Assunção, seria a participação em eventos inauguratórios do cassino Il Palazzo, localizado no mesmo hotel em que estavam hospedados, o Yacht y Golf Club.

Não foi somente no Paraguai que Assis se aproximou do mercado de jogos de azar. O Grupo de Investigação da RBS (GDI) obteve acesso a uma minuta de contrato de um projeto batizado Bingo R10, nome em alusão à carreira de Ronaldinho, que fez história ao vestir a camisa 10 do Barcelona e da Seleção Brasileira.

A minuta foi objeto de troca de e-mails entre advogados que, à época, trabalharam no projeto para defender os interesses dos dois investidores do negócio: Assis e Jaime Tenório Cavalcante, dono de casas de bingo em São Paulo. O GDI também teve acesso à troca de e-mails do dia 1º de dezembro de 2016, com o assunto “primeiro esboço”. As mensagens revelam discussão sobre o teor do contrato entre os advogados Marcelo Bruno Moraes Nascimento, que atuava em favor de Assis à época, e Antonio Carlos Coelho, auxiliar de Cavalcante.

Seria a tentativa original de Assis de abrir uma casa de jogos no amplo imóvel da família Moreira, localizado no número 5.148 da Avenida Cavalhada, onde antes funcionara uma casa de samba.

A minuta de contrato tem nove páginas, citando como partes envolvidas apenas Assis e Cavalcante, tendo como objeto de negócio uma “joint venture na área de administradora de jogos e entretenimento”. Na cláusula segunda do documento, foi estabelecido que cada um dos dois sócios faria investimento de R$ 2,5 milhões para instalar a casa de jogos, incluindo obras de adaptação do imóvel, compra de equipamentos, contratação de serviços jurídicos e resolução de trâmites burocráticos. Seria tarefa de Cavalcante entrar no negócio com o conhecimento técnico e operacional, por já ter experiência no ramo.

Uma cláusula ainda assegurava garantia de funcionamento da casa perante às autoridades, a despeito de a atividade de bingo ser vedada no Brasil, considerada contravenção penal.

“A parte 2 (Cavalcante) possui uma decisão judicial federal que ampara a exploração da atividade”, dizia um trecho.

Os lucros seriam divididos igualmente entre os dois sócios, e Assis teria direito a um valor extra a título de aluguel — cujo montante estava em discussão — por ser proprietário do imóvel. A minuta ainda previa que Assis, caso tivesse interesse em ampliar atividades no ramo, teria de fazer isso em parceria com Cavalcante. Também estava redigida uma cláusula de confidencialidade de 10 anos para todos os termos contratuais de um possível Bingo R10.

No início de 2017, o negócio não foi adiante. Assis queria ingressar somente com o imóvel, e Cavalcante teria de aportar sozinho os R$ 5 milhões em investimentos. Houve desacordo, e o projeto não foi realizado.

Em setembro de 2017, novos investidores aplicaram cerca de R$ 7 milhões para inaugurar a casa de jogos Winfil, no imóvel dos Assis Moreira. Nesta negociação, Assis não teria entrado como sócio. Sua participação se limitou a alugar o imóvel.

Os proprietários da Winfil eram dois irmãos franceses e um empresário brasileiro. Em março de 2018, o GDI publicou reportagem revelando que François e Andre Noel Filippeddu, franceses donos da Winfil, já tinham se envolvido ao longo da vida com as máfias córsega e italiana, além de enfrentarem diversas acusações de corrupção em seus negócios na Bolívia.

Após a publicação da reportagem, os europeus se retiraram da Winfil e deixaram Porto Alegre. Com novos sócios, os quais ainda são desconhecidos, a casa de jogos segue funcionando, porém de forma mais discreta. As máquinas foram retiradas do vistoso prédio principal, sendo transferidas para um imóvel menor, que fica no mesmo complexo.

Contatado pela reportagem, o advogado Marcelo Bruno Moraes Nascimento, que enviou a minuta de contrato do Bingo R10 aos representantes de Cavalcante, respondeu que “não poderia se manifestar em razão do sigilo profissional”.

Já Antonio Carlos Coelho, advogado de Cavalcante, confirmou que o seu cliente e Assis negociaram a abertura do Bingo R10, fato que gerou a minuta de contrato. Ele disse que, além da unidade em Porto Alegre, seria aberta outra em São Paulo. O advogado ressaltou que Cavalcante detinha liminares judiciais à época autorizando o funcionamento das casas. Mas, ao final, “não se chegou a denominador comum e o negócio não se concretizou”. A reportagem localizou Cavalcante por telefone, mas ele não respondeu aos questionamentos.

Fonte: Gaúcha/ZH

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