Jornal A Plateia – Rádio RCC – Santana do Livramento

Olhares diferentes

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Admiro os textos e manifestações do historiador, professor, palestrante e escritor gaúcho Leandro Karnal. Durante a pandemia ele deve ter triplicado o número de fãs através de seus vídeos. O grande mérito dele – e de outros bons pensadores populares como Mário Sérgio Cortella – é a incrível capacidade de dizer o óbvio, mas de maneira cativante, ordenada e que nos faz pensar. No final de semana, Karnal publicou a crônica “Moral seletiva” em que diz que as pessoas costumam usar critérios diferentes em seus julgamentos, a partir da simpatia por determinada pessoa, ideologia ou partido político. Na no cotidiano acontece algo muito parecido. Lembro da “seletividade moral” numa cena corriqueira, no supermercado, mas precisamente na fila do caixa. Entre os diversos guichês sempre há alguns com a placa ”preferencial ou no máximo 10 mercadorias”. Apesar do aviso, dá para contar nos dedos a quantidade de clientes que respeitam a determinação que objetiva dar preferência aos mais velhos – como eu- e àqueles que compraram pouca coisa para agilizar o atendimento. Já ousei reclamar para o “frente de caixa” – aquele fiscal que supervisiona o atendimento aos clientes – sobre a presença de pessoas com mercadorias acima da quantidade permitida naquele local. Quando faço isso acontecem duas situações: 1) O fiscal ignora minha reclamação ou 2) O infrator sente-se ofendido e me enche de palavrões, ofensas e desaforos. Nestes momentos costumo dizer: – Com certeza o senhor critica os corruptos e aqueles que infringem a lei usando o “jeitinho brasileiro”. Mas estás fazendo exatamente é a mesma coisa! – disparo para a fúria total do infrator. No cotidiano não poupamos críticas àqueles que ofendem a moral, atropelam as leis e ignoram o bom senso. Dificilmente, no entanto, fazemos uma autocrítica sobre avançar o sinal vermelho, usar o celular ao dirigir ou andar acima da velocidade permitida. Isso apenas para falar apenas no comportamento adotado no trânsito. Todos os dias infringimos leis e códigos, escritos ou subentendidos que regulam a convivência humana. São preceitos consagrados para manter o mínimo de civilidade Relativizar a vida humana é desculpa que usamos para dormir com a consciência tranquila. Mas sempre criticando os outros.

Gilberto Jasper Jornalista/[email protected]

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