Manter-se incólume

Há um ditado espanhol que diz: “Más sabe el Diablo por viejo, que por diablo”. Entonces soy yo! Tinha escrito um texto sobre acumuladores para minha coluna, nesta semana. Dentre os acúmulos, vou citar alguns: podemos acumular inúmeras coisas, desde objetos concretos como livros (bom, daí seria uma biblioteca); discos e aí seria uma discoteca; ou roupas, que acabamos guardando por anos a fio na esperança de um dia, quem sabe, emagrecer e voltar a usar, porém com o tempo acabamos doando ou vendendo para os brechós. Claro, podemos acumular inúmeras coisas… têm meninas que acumulam namorados e vice-versa… No entanto, minha maior paixão são as palavras. Cada vez que escuto uma palavra desconhecida ou que busco lá no recôntido da minha memória alguma palavra, em desuso ou com pouco uso, fico surpresa, às vezes chocada, às vezes triste porque belas palavras são esquecidas ao longo das gerações e acabam sendo enterradas, como pessoas que amamos e que já se foram.
Estes momentos intimistas surgem quando, principalmente, vou cozinhar. Cortando meus temperos, imaginando as misturas, o sabor que irá resultar, tipo alquimia, meu pensamento viaja e vai além da minha bolha confortável (sem esquecer, que de fundo sempre tem uma boa música). Dependendo do dia, um vinho local (moro no paralelo mais propício para as boas uvas do Brasil – paralelo 31 – para arrendondar) ajuda na inspiração. Muito além. Misturo tudo: origens, conhecimento, local, desejos, aspirações…
E de lá, do recôntido da memória vem a expressão: E te manténs incólume!
Quem conseque manter-se incólume, seja em qual circunstância for?
By the way: o Google (word) sublinha a palavra incólume e sugere a mudança para ileso, inalterado.