Na oferta estão incluídas passagens aéreas, hotel, café da manhã e almoço, com remuneração de 2 mil reais
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) anunciou em uma coletiva de imprensa, nessa sexta-feira (20), que os cirurgiões e anestesistas iriam interromper os seus serviços a partir da tarde. As demais especialidades devem parar na próxima terça-feira, dia 24, às 13h.
A decisão é fruto de uma reunião feita há poucas semanas pelos médicos, onde foram estabelecidas algumas demandas, como melhores condições de trabalho e também o pagamento de salários que, segundo o Simers, somam mais de R$ 2 milhões desde 2016. A direção da Santa Casa foi informada que os contratos seriam rescindidos até o prazo estipulado pelos profissionais e garantiu que o serviço continua com outra equipe.
Ainda na manhã de sexta, momentos antes da entrevista coletiva dada pelo Diretor de Interior do Simers, o psiquiatra Fernando Uberti, contou que esteve reunido com o Prefeito Ico Charopen (PDT) e o Secretário de Saúde, Enrique Civeira (PDT). Ao ser perguntado sobre qual teria sido o teor da reunião e qual era a posição do poder público frente a essa situação, Uberti foi categórico: “Não foi uma conversa que nós tenhamos encaminhado alguma solução por parte do poder público. Não sinalizaram nada de concreto em termos de pagamento […] pelo contrário’’.
Uberti ainda disse que, devido à gravidade da situação, era necessária uma mobilização entre a Câmara, a Prefeitura e os demais setores políticos para que essas demandas fossem atendidas. Isso porque, ainda segundo declarações dele, caso o impasse não fosse resolvido, os pacientes da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) precisariam ser transferidos para outros hospitais, visto que não haveria médicos trabalhando. O mesmo deve acontecer com os atendimentos de urgência e emergência.
Novas contratações sob polêmica
Já no início da tarde, começou a circular uma mensagem atribuída ao presidente do Instituto Salva Saúde, Jan Cristoph Lima da Silva. “Estamos montando equipe de cirurgia geral em Sant’Ana do Livramento RS, fronteira Brasil-Uruguai. Cidade turística, com free shoppings, vinícolas, parques termais e muita parrilla. A fronteira permite entrada livre para o Uruguai. O Instituto Salva paga as passagens de qualquer aeroporto do país, ida e volta, hotel, café da manhã e almoço, todos os dias. O plantão é em regime de sobreaviso, com remuneração de 2 mil reais por dia de plantão sobreaviso, pagos antecipadamente. É uma excelente oportunidade de passar uma semana alternando trabalho e passeio, sendo bem remunerado para tal”.
Questionado sobre a situação, Jan confirmou que a mensagem era dele e que foi escrita há uma semana. O médico simplificou dizendo que ninguém foi demitido. “Uma equipe pediu rescisão por vontade própria. Só isso’’.
Jan garante que a situação na Santa Casa é normal após o término do prazo estipulado pelos médicos e a previsão para a próxima terça-feira, quando expira o contrato dos demais especialistas, é de que se mantenha assim. “Estes ainda não fizeram nada formal. Parando de fato, serão imediatamente substituídos, como ocorreu hoje’’, pontuou.
MP determina auditoria na Santa Casa
A Promotoria de Justiça Cível de Sant’Ana do Livramento, em audiência realizada em novembro, determinou à Unidade Central de Controle Interno do Município (UCCI) da Prefeitura de Livramento que realizasse uma auditoria contábil na prestação de contas dos recursos públicos, diretos e indiretos, repassados à Santa Casa de Misericórdia de Livramento administrados pelo Instituto Salvar Saúde. O prazo, determinado pelo Promotor de Justiça, Sandro Loureiro Marones, é de 60 dias, devendo expirar no dia 21 de janeiro.
Quando questionado sobre a prestação de contas, o presidente do Instituto Salva Saúde, Jan Cristoph, disse que a auditoria já estava prevista quando o contrato foi renovado. “Entregamos os balancetes do período entre maio e novembro, agora estamos aguardando o Ministério Público analisar e, se houver necessidade, encaminharemos mais documentos’’.
