Agulha estava entre o assento e o braço da poltrona. Direção da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo informou que um processo de sindicância foi aberto para verificação dos fatos. Menino, de 7 anos, precisou ser medicado.
Uma criança de 7 anos se fincou com uma agulha ao sentar em uma poltrona de uma sala de medicação em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O fato ocorreu na tarde de segunda-feira (9). Um boletim de ocorrência foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia do município
O menino estava acompanhado da mãe. Ela levou o filho à UPA Canudos por conta de uma reação alérgica da criança. Eles receberam atendimento médico de uma pediatra e a médica encaminhou a criança para a sala de medicação. Quando o menino sentou na poltrona, ele acabou espetando a mão em uma agulha usada que estava caída entre o assento e o braço da cadeira.
A mãe, desesperada, chamou uma enfermeira. Foram feitos exames rápidos de HIV, sífilis e hepatites. Todos deram negativo. Mas os exames não servem para ver se a criança foi contaminada naquele momento, apenas para verificar que a criança não chegou ao posto de saúde com alguma das doenças.
“No momento que ele foi colocar os braços e se apoiar, para se jogar mais para trás, porque a poltrona é enorme, foi onde ele se picou e disse: ‘Mãe, olha’. E a agulha estava entre o braço e o assento. Imediatamente, eu chamei a enfermeira”, conta a mãe, que não será identificada para não expor a criança.
“Na hora me passa na cabeça: tem Aids, HIV, tem hepatite, o que pode ter passado para o meu filho? Em nenhum momento eu me senti apoiada por eles, eu senti que eles só queriam encerrar o caso. A gente se indigna que ele entrou com uma alergia e saiu de lá com Deus sabe o que… porque a gente não sabe, só daqui 30 dias”.
A direção da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) informou que tomou conhecimento do caso em torno das 18h de segunda. Diante disso, foi aberto um processo de sindicância para verificação dos fatos.
Conforme a direção, a família foi recebida na terça (10) no Hospital Municipal e está ciente das medidas adotadas pela direção. Acrescentou que a UPA Canudos fez todos os encaminhamentos pertinentes ao caso.
O diretor-presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo, Ráfaga Fontoura, disse que não era para a agulha estar no local.
“Sempre que houver a retirada do mandril, que é o nome daquela agulha, é para ser descartado no exato momento que é retirado. Por um acidente, por uma falha de procedimento, então a agulha foi parar ali. Certamente por alguma intercorrência, alguma outra situação, do técnico de enfermagem ou uma enfermeira, acabou por não descartando naquele momento e acabou caindo nesse vão”, afirma.
“Na verdade, esse caso é isoladíssimo. Mensalmente, nossa educação continuada faz treinos de protocolos de atendimento de segurança ao paciente. Nossos protocolos estão de acordo com o Ministério da Saúde”, acrescenta.
De acordo com a médica Lessandra Michelim Rodriguez Vieira, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o procedimento seguido pela UPA está dentro do esperado. O que não poderia ter ocorrido é essa agulha estar ali caída.
Segundo ela, a orientação é não examinar material que não tem procedência e descartar a seringa que provocou o ferimento, adequadamente, dentro de uma caixa especial, para que não venha a perfurar outra pessoa.
A orientação é que a pessoa passe por avaliação médica, exames, que seja avaliada a profilaxia, se fez vacina, e que seja acompanhada a longo prazo, com coquetel para evitar que se desenvolva HIV.
Fonte: G1/RS
Fotos: Arquivo pessoal