Enquanto o crime avança e o Estado recua, Lula transforma o Pará em reduto de autoproteção e propaganda internacional.
Vivemos um momento de crise que ultrapassa a rotina política: trata-se de uma falha sistêmica de Estado. Enquanto bairros e cidades viram zonas de medo sob o domínio de grupos que operam como verdadeiros estados paralelos, o Palácio do Planalto opta pela acomodação política em vez do enfrentamento real. A pergunta que precisamos fazer, sem rodeios, é esta: quem responde por essa entrega da soberania nacional? A resposta é simples — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Relatos públicos e o cenário cotidiano confirmam o óbvio: facções como o PCC e o Comando Vermelho ampliaram seu controle territorial, impõem leis próprias, aterrorizam populações e desafiam as forças legais do país. Em vez de reagir com políticas firmes e instrumentos jurídicos à altura da gravidade do problema, o governo se apressa em neutralizar iniciativas que endurecem o combate ao crime organizado — inclusive buscando adiar e esvaziar propostas que tratariam as organizações criminosas como ameaças equiparáveis ao terrorismo.
Essa opção não é técnica — é política. O Planalto privilegia a gestão de imagem e o receio de repercussões externas sobre a segurança do cidadão. Em nome de “evitar brechas para intervenções internacionais”, o governo prefere manter as facções no status de organizações “comuns”, negando a realidade de territórios onde o poder público já perdeu a primazia. Ao fazer isso, sacrifica a população mais vulnerável e deixa nossas polícias sem os instrumentos que permitiriam uma reação coordenada e eficaz.
E há um aspecto moral que não pode ser ignorado: enquanto o país sofre, o presidente dá sinais de distanciamento e de leveza que chocam a sociedade. Os diversos registros de eventos festivos envolvendo a cúpula do governo em momentos de crise alimentam a sensação de que a prioridade do Executivo não é proteger o povo, mas preservar a rotina do poder. Chamar forças especiais para proteger autoridades enquanto se delega à própria sorte a proteção de milhões de brasileiros é uma escolha política com custos imensos.
O contraste é gritante: o governador do Rio de Janeiro pediu três vezes o apoio das Forças Armadas diante da escalada de violência e não obteve resposta. Já no Pará, onde o presidente Lula e sua comitiva se hospedaram em um iate de luxo, foi decretada uma GLO para proteger a COP30 — um evento de fachada que tenta vender ao mundo uma imagem de país que não existe. Enquanto isso, vídeos mostram a primeira-dama dançando na embarcação, em um retrato cruel da desconexão entre o poder e o sofrimento de milhões de brasileiros que vivem sob o domínio do medo, do tráfico e da violência.
A “Lei Antifacção” imposta às pressas e o esforço para controlar a CPI do crime organizado são peças de uma mesma estratégia: minimizar a gravidade do problema para evitar desgaste. O cálculo é político e curto: reduzir ruído externo e interno, proteger aliados e evitar medidas que exigiriam, de fato, o uso efetivo de instrumentos federais contra as chefias do crime. O que está em jogo, portanto, é a própria soberania — não no sentido abstrato que o governo invoca, mas na perda concreta de autoridade sobre vastas áreas do território nacional.
O país merece algo diferente. Merece um Executivo que não negocie a segurança pública em nome de conchavos e receios internacionais; que reconheça o caráter organizado e sistemático de certas quadrilhas e aplique as ferramentas legais necessárias; que invista em inteligência e cooperação federal, sem renunciar à proteção das comunidades; que promova políticas sociais e de segurança com estratégia e determinação — não com retórica vazia.
Como líder da oposição, conclamo o parlamento, os órgãos de controle e a sociedade a não aceitarem essa capitulação silenciosa. Exigimos responsabilidade direta do presidente da República: que esclareça suas escolhas, que explique por que opta por proteger o que o cerca em vez de proteger o cidadão, e que autorize medidas concretas e imediatas para retomar o controle do território e da lei.
A crise de segurança é uma batalha pela soberania. E ninguém, em nome do povo brasileiro, pode aceitar que a entrega dessa soberania seja assinada com descaso pelo mais alto cargo da República.
Por deputado federal Zucco (PL-RS) – Líder da Oposição na Câmara dos Deputados.
