Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
“Nunca é tarde para aprender”. Ouço esta frase desde o nascimento, acreditando ser verdadeira. Mas, com o passar dos anos, alguns aprendizados se tornam cada vez mais difíceis, praticamente impossíveis. No rol de “vontades não realizadas” constam muitas atividades que – verdade seja dita! – podem soar pueris, ridículas até, porque a maioria das pessoas as cumpre sem dificuldades.
Apesar de ter sido um assíduo frequentador de rios e de arroios nos tempos de guri e adolescente, até hoje não aprendi a nadar, para o terror da minha mãe que soube da “novidade” quando eu já era cronista. Férias em paraísos aquáticos são sinônimos de pavor, mesmo com o uso onipresente do colete salva-vidas.
Também não sei cozinhar. Isso me torna escravo das tele-entregas. Assim, a minha dieta contraria todas as boas práticas preconizadas pelos nutricionistas, principalmente à noite. A aquisição de um air fryer chegou a dar um certo alento na cozinha. Tive sucesso no preparo de uma maminha ao molho de mostarda, mas hoje o uso do eletrodoméstico se restringe ao aquecimento de pizzas com a adição de generosas fatias de queijo e salamito.
Meus conhecimentos de informática são do nível “pré-Mobral” – somente os antigos entenderão. O socorro dos filhos e colegas mais jovens é frequente, cotidiano idêntico quando o assunto é mexer no celular. Por isso, eu só troco de aparelho em casos de extrema necessidade. Escolher o toque, inserir senhas, bloqueios e dispositivos de segurança requer convencer a filha com a garantia de que “esta será a última vez porque vou aprender”.
Outra atividade trivial é andar de bicicleta, prática que a minha precária coordenação motora impede até hoje. Perdi a conta das pessoas – entre familiares e amigos – que tentaram me tornar um ciclista, sem sucesso. O sonho de tocar algum instrumento musical quase virou realidade, mas que no final das contas não se concretizou. Quando era guri, meu pai insistiu que a minha irmã e eu fizéssemos aulas de música. Ela tocava violão, eu acordeon (ou gaita). Apesar da insistência não fomos abençoados com talento e persistência suficientes para sermos virtuoses.
“Enquanto há vida, há esperança”, reza outro ditado. Quem sabe em 2026 realize um destes sonhos?