Há momentos na infância que parecem durar para sempre, risadas na areia, mãos pequenas desenhando no chão com gravetos, corridas descalças rumo ao mar. As lembranças têm cheiro de protetor solar, som de gargalhadas soltas e o calor suave do fim de tarde. Mas, por mais eternos que pareçam, esses instantes têm prazo. E, muitas vezes, eles terminam sem aviso.
Estudos e experiências evidenciam: na maioria das famílias, os anos mais intensos da infância cabem em cerca de treze verões. Treze temporadas de castelos de areia, histórias inventadas e mãos dadas para atravessar a rua. Por quatro anos, são bebês. Cerca de nove anos, são crianças. Depois disso, vêm as transformações. Os adolescentes surgem, as prioridades mudam, os vínculos ganham novos formatos. E aquele tempo mágico, de total dependência e encantamento, vai ficando no passado.
A infância é feita de primeiras vezes: os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro desenho, o primeiro tombo, a primeira pergunta difícil. São apenas vinte dentes de leite. Poucas apresentações escolares. Talvez uma ou duas formaturas antes da vida adulta chegar.
E enquanto isso tudo acontece, o cotidiano segue. Há pressa, há responsabilidades, há dias difíceis. A rotina exige tanto dos adultos que, às vezes, é fácil esquecer que o tempo da infância é limitado. As tarefas urgentes muitas vezes roubam espaço dos momentos importantes.
É por isso que a presença verdadeira, atenta, intencional, é um dos maiores presentes que se pode oferecer a uma criança.
Estar presente é mais do que estar fisicamente perto. É olhar nos olhos. Ouvir com interesse. Participar da rotina com afeto. É transformar o comum em especial: um banho vira brincadeira, o caminho até a escola é aventura, a hora de dormir torna-se história compartilhada.
Para as crianças, essa presença constrói segurança, autoestima e vínculos saudáveis. Para os adultos, é uma oportunidade rara de viver uma fase da vida repleta de autenticidade, alegria espontânea e amor sem filtros.
Criar filhos não é sobre perfeição. É sobre disponibilidade. Sobre estar. E sobre entender que os pequenos momentos do dia a dia são, na verdade, os grandes momentos da vida.
O Dia das Crianças é um convite para refletir sobre isso.
Não apenas sobre o que dar, mas sobre o que compartilhar.
Mais do que brinquedos, dê tempo!
Mais do que coisas, dar presença!
Mais do que distração, dê atenção!
Porque a infância passa.
E quando passa, deixa um espaço que só pode ser preenchido pelas memórias que foram construídas ali.
Treze verões. Talvez menos. Talvez um pouco mais.
Mas todos eles são únicos.
E todos eles são agora.