Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais
Valor Econômico – Propostas para reforma administrativa limitam gastos de estados e municípios
FOLHA DE S.PAULO – Alterações de Lira elevam em R$ 5,4 bilhões renúncia fiscal da nova isenção do IR
O ESTADO DE S.PAULO – Reforma prevê freio a supersalário e propõe avaliação de servidores
O GLOBO – Governo sugere evitar destilados sem certeza da procedência
CORREIO BRAZILIENSE – Suspeita de metanol em bebida leva rapper Hungria ao hospital
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes
No limite – O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) apresentou na quinta-feira (2) o conjunto de propostas de mudanças legislativas para a reforma administrativa. O tema é uma prioridade do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que pretende colocar os textos para votação em plenário no mês que vem. Com a imagem arranhada após a aprovação da PEC da blindagem, Motta quer que a reforma administrativa seja um dos legados da sua gestão. As 70 proposições foram distribuídas em três textos: uma proposta de emenda à Constituição (PEC), um projeto de lei (PL) e um projeto de lei complementar (PLP). Isso aconteceu devido às características das mudanças, distribuídas em quatro eixos: gestão e governança, transformação digital, recursos humanos e combate aos privilégios. Entre as principais inovações está a definição de um limite anual de crescimento para os gastos primários dos Estados, o que vale para o Legislativo, Judiciário, Ministério Público (MP) e tribunais de contas. Válido a partir de 2027, esse teto considera todas as despesas, incluindo salários, aposentadorias e pensões, e só poderá aumentar em relação ao valor do ano anterior conforme alguns critérios. Se a arrecadação estadual não crescer acima da inflação, o gasto sobe apenas pelo índice inflacionário. No caso de alta real das receitas, o limite sobe pela inflação adicionada a uma fração desse ganho extra. A fração é de 50% se o Estado tiver registrado déficit primário no ano anterior e de 70% nos demais casos. A parcela adicional não pode passar de 2,5 pontos percentuais por ano. Os mesmos termos também valerão para os municípios.
Alterações elevaram renúncia – A versão da proposta do Imposto de Renda aprovada pela Câmara dos Deputados ampliou para R$ 31,25 bilhões a renúncia com a desoneração de contribuintes na base da pirâmide de renda do país, de acordo com os números anunciados pelo relator do projeto, Arthur Lira (PP-AL). Na versão original do texto, formulada pelo governo, esse impacto era estimado em R$ 25,84 bilhões. A equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs a isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000 e um desconto progressivo no imposto de quem recebe até R$ 7.000. Em julho, ainda na comissão especial Lira, estendeu o alcance do desconto para quem ganha até R$ 7.350. Parecer publicado naquele mês mostrou o efeito sobre as contas. A renúncia ficaria em R$ 31,2 bilhões em 2026, R$ 33,5 bilhões em 2027 e R$ 35,9 bilhões em 2028, segundo cálculos feitos pela consultoria legislativa da Casa. O deputado fez outras mudanças, como a que explicitou o prazo para distribuição de lucros e dividendos auferidos pelas empresas até 31 de dezembro de 2025. Ele incorporou ao texto uma garantia de isenção para esses valores até 2028. O relator ainda agradou à bancada do agro, garantindo, por exemplo, que fiquem de fora da base de cálculo do novo imposto mínimo sobre os mais ricos os rendimentos obtidos com instrumentos financeiros do agronegócio, como LCA (Letra Financeira do Agronegócio) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio).
Não é essencial – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alertou sobre o consumo de bebidas destiladas, especialmente se não houver “absoluta certeza” de sua origem, devido ao risco de contaminação por metanol. Foram registrados 59 casos suspeitos, com 11 confirmações em São Paulo e Pernambuco. Padilha enfatizou que destilados não são essenciais e recomendou precaução. O Ministério da Saúde inaugurou uma sala de situação para monitorar os casos.
Metanol no DF – Um dos rappers mais conhecidos do Brasil na atualidade, Gustavo da Hungria Neves, o Hungria, está internado na UTI do Hospital DF Star sob suspeita de ter ingerido vodca adulterada. O cantor e compositor de Ceilândia está entre os casos registrados no país por intoxicação por metanol — são 59, com 11 confirmados —, mas ainda é esperado um laudo que comprove a contaminação da bebida. Hungria foi atendido pelos médicos após sentir dor de cabeça, vômitos, visão turva e outros sintomas de pacientes intoxicados. “Ele está em estado grave, mas está estável, consciente e sem uso de oxigênio”, disse o médico Leandro Machado, que acompanha o artista. A distribuidora de bebidas onde Hungria comprou a vodca, em Vicente Pires, foi interditada pela Vigilância Sanitária por não ter licença de funcionamento. Ontem à noite, agentes de saúde e policiais militares fizeram uma operação em busca de produtos clandestinos em lojas, bares e restaurantes da região de Vicente Pires.
PL pode tornar crime hediondo – A Câmara dos Deputados aprovou, ontem, o regime de urgência para um projeto de lei, de 2007, que torna crime hediondo a adulteração de alimentos ou bebidas, a partir da adição de ingredientes que possam causar risco à vida ou grave ameaça à saúde. No texto, um dos casos citados é a adulteração de leite com soda cáustica, mas a mobilização ocorre depois do registro de intoxicações pela presença de metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos–PB), anunciou em sua rede social que a tramitação acelerada seria votada ontem. O tema uniu deputados governistas e de oposição.
Lula avisa que COP não será do “luxo”, mas da “verdade” – A COP30, em Belém, no próximo mês, não será “do luxo”, mas “da verdade”. Foi o que disse, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visita o estado para inaugurar obras relacionadas à Conferência do Clima das Nações Unidas. Ele reconheceu as dificuldades de realizar o evento na capital paraense, como a pobreza da região e a falta de infraestrutura, e fez piada da falta de leitos de hotel na cidade ao afirmar que vai “dormir em um barco”. “Não vai ser a COP do luxo. É a COP da verdade, em que nós que remos saber se os presidentes do mundo estão preocupados com a questão climática. Quero saber se os presidentes (Donald) Trump (Estados Unidos), Xi Jinping (China) e (Emmanuel) Macron (França) estão preocupados em resolver o problema da situação climática”, cobrou, para acrescentar: “Vamos fazer a melhor COP da história da COP neste país, com todos os problemas que a gente tem, até com carapanã (mosquito) picando um gringo. Não tem problema. Eles têm que saber como é que a gente vive”. Lula entregou obras e investimentos em educação em Breves, na Ilha do Marajó, e inaugurou uma estação de tratamento de esgoto, em Belém.
Obras avançam e preço das diárias cai – A menos de 40 dias da COP30, Belém começa a viver a reta final de preparação para receber o maior evento ambiental do planeta. Além da queda média de 30% nos preços de hotéis e pousadas, o governo estadual informa que 90% das obras de infraestrutura previstas estão concluídas, incluindo melhorias em drenagem, saneamento e mobilidade urbana. Segundo o diretor de projetos da Secretaria Especial da COP30, Olmo Borges Xavier, os preços das hospedagens seguem a tendência de acomodação. “Esse é um da do significativo. Foi o que vimos nas Olimpíadas de Paris. Os preços eram altíssimos meses antes e caíram conforme o evento se aproximava. No começo, quem reservou em janeiro pagou mais caro, mas a tendência é de estabilização na reta final”, afirmou. O secretário de Infraestrutura e Logística do Pará, Adler Silveira, disse que o balanço das obras inclui a requalificação de ruas, melhorias no sistema de saneamento e a construção do Parque da Cidade, que será um dos principais espaços da programação oficial.
CGU sabia de fraudes desde 2019 – Parlamentares da CPMI do INSS cobraram explicações do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho, para o fato de irregularidades denunciadas desde 2019 só terem resultado em medidas concretas em 2024 e 2025, após operações da Polícia Federal. A sessão com a presença do titular da CGU, ontem, foi marcada, mais uma vez, por tensão entre integrantes do colegiado. Carvalho afirmou que só tomou ciência direta do problema em março de 2024, quando pedidos da imprensa, via Lei de Acesso à Informação (LAI), levantaram suspeitas sobre os descontos. Apesar disso, admitiu que técnicos da CGU já acompanhavam o tema desde 2019, com ao menos 11 reuniões de grupos de trabalho. “O que não se sabia era a magnitude do problema”, declarou. Ele também defendeu o secretário de Controle Interno da pasta, Ronald Balbe, acusado por parlamentares de sugerir sigilo em relatórios. Segundo Carvalho, a medida poderia ter relação com imperativos legais de proteção às investigações. Questionado pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre a demora em comunicar ao Executivo, Carvalho respondeu que não poderia ter alertado o governo. “Era minha obrigação funcional não revelar nada para ninguém”, disse, reforçando que a CGU já tratava do caso internamente.
Controle sobre entidades – De acordo com as investigações, o empresário Maurício Camisotti controlava ao menos três entidades que, desde 2021, faturaram mais de R$ 1 bilhão com a utilização de descontos não autorizados por beneficiários do INSS. A Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), que repassou R$ 30,1 milhões ao grupo empresarial de Camisotti, teve recentemente o seu acordo com o INSS suspenso por decisão judicial.
PGR é cobrada sobre pedidos para a prisão de Eduardo – O ministro e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre os pedidos de prisão contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um procedimento que integra a rotina da burocracia judiciária. Com isso, o órgão tem cinco dias para apresentar o posicionamento. O ofício atende a solicitações de parlamentares da Câmara dos Deputados, como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSol-RJ), que pediram medidas como a suspensão de salários e o bloqueio de verbas indenizatórias de Eduardo. Segundo os deputados, “a decretação da prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro, nos termos do art. 312 do CPP, é necessária para garantir a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal, diante da permanência das manifestações golpistas e da intensificação da atuação ilícita em território estrangeiro”.
PF vai investigar ameaças contra Dino – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, ontem, uma investigação da Polícia Federal sobre as ameaças sofridas pelo ministro Flávio Dino em 11 de setembro — quando votou pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. “(O ministro) afirma que, logo após proferir seu voto no âmbito da ação penal 2668, passou a ser destinatário de graves ameaças contra sua vida e integridade física veiculadas na internet”, escreveu a corporação em ofício enviado a Moraes. O ofício tem capturas de tela de comentários feitos em redes sociais. Ao menos 50 ameaças foram registradas contra Dino e também contra o delegado da PF Fábio Shor. A Polícia Federal sustentou que as ameaças tinham como objetivo “obstaculizar o desempenho independente e imparcial de suas funções enquanto agentes públicos”. Foi o próprio Dino quem solicitou a abertura da investigação. Em ofício à Polícia Federal, o ministro relatou que “graves ameaças contra a sua vida e integridade física” foram espalhadas na internet de pois que ele votou para condenar Bolsonaro.
Em alta – Além da votação do IR, outra ocorrência positiva para o governo foi o encerramento da possibilidade de se apreciar a PEC da Blindagem e o projeto da anistia ampla, geral e irrestrita para os acusados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Resta acompanhar a evolução das discussões em torno da chamada dosimetria, que deverá, caso avance, apenas reduzir as penas de atores secundários no processo.
Em baixa – Em paralelo, a oposição vive um período de baixa. Na esteira da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, os principais nomes para a sucessão presidencial não se entendem e trocam farpas em público, o que pode afastar o eleitor médio. O até então principal pré-candidato do grupo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sinaliza que deverá tentar a reeleição. Planalto, somente em 2030.
Ofensiva pelo Simples – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), incentivou que parlamentares ligados ao projeto da atualização da tabela do Simples Nacional apresentem um requerimento de urgência. A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) também esteve presente com o presidente, Alfredo Cotait Neto, para reforçar a importância da proposta. O PL prevê a atualização dos limites de faturamento, que estão congelados desde 2018, e propõe uma correção anual com base no IPCA.
Oportunidade – Segundo a CACB, caso aprovado, o projeto pode gerar 869 mil novos empregos e movimentar R$ 81,2 bilhões na economia brasileira. O Simples Nacional é utilizado por 24 milhões de empresas e corresponde a 77% das vagas de emprego criadas nos últimos cinco anos. O PL aumentaria os tetos: MEI, para R$ 144,9 mil; microempresa, R$ 869,4 mil; e empresa de pequeno porte, R$ 8,69 milhões.
Pouca gente – O Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) negou a convocação de novos auditores fiscais do trabalho, mesmo diante do aumento recorde de acidentes e da descoberta de milhares de trabalhadores em situação análoga à escravidão. A escassez de auditores fiscais do trabalho no país atinge níveis alarmantes, com apenas 1,8 mil profissionais em atividade.
Cenário grave – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda um auditor para cada 10 a 15 mil trabalhadores. No Brasil, a proporção é de um fiscal para mais de 50 mil, o que compromete a proteção de mais de 90 milhões de brasileiros.
Destaque para o Maranhão – O Maranhão avançou da 14ª para a 7ª posição no Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP), divulgado nesta semana pela Transparência Internacional – Brasil. Em três anos, o estado saiu de 64,7 para 76,9 pontos (de um total de 100), desempenho acima da média nacional, que foi de 69,8 pontos.
Positivo, mas nem tanto – Nem tudo são flores para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de comemorar o placar unânime da votação do Congresso que isenta de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil mensais, o governo federal tem de lidar, agora, com duas questões delicadas. A primeira é a votação da medida provisória sobre compensação da revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — que caduca na quarta-feira da semana que vem. O texto não foi apreciado nem em comissão especial e ainda deve passar pelos plenários da Câmara e do Senado. Outro item sensível é a PEC da Segurança Pública, pois Executivo, Congresso e estados não conseguem chegar a um acordo para a aprovação da matéria. O tema será exaustivamente explorado na corrida eleitoral de 2026.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, ressaltou o avanço da lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que prorroga a licença-maternidade por até 120 dias a partir da alta hospitalar. A medida beneficia mulheres ou recém-nascidos que fiquem mais de duas semanas internados. “A lei avança mais um pouco nos direitos das mulheres, particularmente nesse caso em relação à licença-maternidade. É claro que isso é uma segurança. É um período de necessidade das mulheres de se sentirem protegidas, acolhidas, tranquilas para poder cuidar bem do bebê”, enfatizou Márcia Lopes. A titular da pasta destacou, também, o desafio de implementação da lei sobre equidade salarial. “Na próxima semana, provavelmente, sai o novo relatório, que mostra quem está cumprindo a lei, porque nem se trata de uma conscientização. Na verdade, trata-se é de pôr a lei em prática, e tem punição para quem não faz isso.”
Haddad comemora – Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a aprovação por unanimidade (493×0) do texto na Câmara foi um “golaço” do Congresso Nacional e que não deve haver resistências no Senado para que o texto seja sancionado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu não acredito que vá haver problemas, inclusive porque esse projeto não busca só a justiça tributária. Ele busca a justiça tributária com neutralidade fiscal. Ou seja, o projeto está ancorado no equilíbrio fiscal. Ele não aumenta a arrecadação, não diminui a arrecadação, o que ele busca é, com equilíbrio fiscal, justiça tributária”, destacou o ministro.
Governo pode avançar com fim da escala 6×1 – A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) diz que a aprovação do projeto que aumenta a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês dá força para o governo avançar em sua próxima pauta: o fim da escala 6×1. Ela ressalta a importância da aprovação do texto para o governo, por se tratar de uma pauta popular e que se insere na defesa da justiça tributária feita pelo presidente Lula (PT). “Ele coloca num outro patamar a discussão sobre a diferença de renda do país”, diz. “Acho que o mais importante foi ter atingido pela primeira vez o andar de cima. É algo paradigmático para nós”. Para a ministra, o projeto dá condição para o governo avançar em outra pauta cara ao governo: o fim da escala 6×1. Nesta quinta-feira, Gleisi gravou um vídeo ao lado da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) no qual ambas defenderam a proposta. Gleisi avalia ser difícil aprovar o fim da escala 6×1 neste ano, mas diz ser possível fazer um esforço para tentar a promulgação do texto no primeiro semestre de 2026.
Proposição inconstitucional – Aprovado nesta terça-feira (30) na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, o projeto que trata de ações de constitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) transforma em lei entendimentos já firmados pela corte, mas também avança em ponto considerado inconstitucional por especialistas. A proposta limita a atuação do STF em temas como decisões monocráticas e se soma a recados do Congresso na esteira da PEC da Blindagem. O texto, de autoria do deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) e relatoria de Alex Manente (Cidadania-SP), vai ao Senado caso não haja recurso para votação em plenário. A mudança nas regras para concessão de decisões individuais divide a opinião de especialistas, que, no entanto, concordam que a imposição de uma restrição para partidos apresentarem ações ao Supremo é inconstitucional e demandaria uma proposta de emenda à Constituição.
Conta que não fecha – A proposta de redução de penas para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro enfrenta obstáculos na Câmara devido à falta de consenso entre partidos e diálogo com o Senado. O projeto perdeu força após a aprovação da PEC da Blindagem, que gerou críticas. O presidente da Câmara, Hugo Motta, focou em segurança pública e reforma do IR, enquanto a falta de coordenação com o Senado impede avanços na dosimetria de penas.
Eduardo e Carlos reagem com críticas a aliados – Os filhos de Jair Bolsonaro, Eduardo e Carlos, criticam aliados em meio ao enfraquecimento da proposta de anistia ampla no Congresso. Carlos alfineta governadores que prometeram perdoar Bolsonaro em 2026, enquanto Eduardo questiona a falta de coesão da direita, destacando a prisão do pai. No Parlamento, medidas de anistia e dosimetria das penas perdem espaço, com foco em outras prioridades, como segurança pública.
Tarcísio propõe turbinar área social – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, propõe aumentar o orçamento para programas sociais em 2026, ano eleitoral, enquanto reduz verbas para habitação e meio ambiente. A Secretaria de Desenvolvimento Social terá um aumento de quase 50% nos recursos. A iniciativa é vista como estratégia para se aproximar de eleitores de baixa renda, visando fortalecer sua candidatura. Além disso, a Secretaria de Parcerias em Investimentos terá um crescimento significativo de 45% no orçamento. A proposta enfrenta críticas devido às renúncias fiscais de R$ 83 bilhões e cortes em áreas estratégicas.
Agro defende ex-ministra para vice em chapa do governador – O nome da senadora Tereza Cristina (PP-MS) ganhou força entre representantes do agronegócio para ser vice em uma possível chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ministra da Agricultura durante o governo Bolsonaro, a parlamentar é vista como um nome capaz de atrair o eleitorado feminino e conservador e integra a federação entre União Brasil e PP, de onde deve sair o vice para a chapa de centro-direita. O nome dela já foi aventado para integrar a chapa em 2022, mas Bolsonaro optou por Walter Braga Netto para o posto. Vista no Congresso como nome ponderado do bolsonarismo, a parlamentar manteve interlocução recente com a base de Lula, durante a relatoria do projeto da Reciprocidade Econômica, e foi elogiada pelos colegas governistas.
Coaf aponta elo do Careca do INSS com publicitária de campanha petista – Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, transferiu R$ 5 milhões para a publicitária Danielle Fonteles, ligada a campanhas do PT. Segundo Coaf, a transação foi para comprar um imóvel, mas não se concretizou. A CPI do INSS investiga o caso, e há pedido para quebra de sigilo de Fonteles. A defesa afirma que a transação foi documentada e os impostos, pagos. O caso foi revelado pela revista “Veja” e confirmado pelo GLOBO.
Empresário foi convidado para reunião que debateu fraudes – O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como ‘Careca do INSS’ e investigado por fraudes, foi convidado para uma reunião no INSS, em 2023, para discutir o combate a irregularidades. Apesar das suspeitas de envolvimento no esquema, Antunes não compareceu ao encontro. A defesa do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, alega que convites foram enviados sem verificação detalhada. Antunes está preso preventivamente, acusado de corrupção e tentativa de fuga.
Agente da PF movimentou R$ 2,8 milhões em transações atípicas – O agente afastado da Polícia Federal (PF) Philipe Roters Coutinho, investigado por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 2,8 milhões em um ano, em transferências incompatíveis com seu patrimônio e atípicas para servidores públicos, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento, obtido pela Coluna do Estadão, foi enviado pelo Coaf à CPI do INSS. Procurado por meio da PF, Coutinho não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações. A Polícia Federal disse que não se manifesta sobre investigações em andamento. A corporação não respondeu que medidas tomou sobre a conduta do funcionário. O órgão de combate à lavagem de dinheiro analisou uma conta de Coutinho ao longo de um ano, entre maio de 2024 e maio de 2025. Nesse período, o agente da PF movimentou um total de R$ 2,8 milhões — R$ 1,4 milhão de crédito e R$ 1,4 milhão de débito. Segundo o Coaf afirmou à CPI do INSS, o fluxo de dinheiro é “incompatível com o patrimônio” do agente, além de “atípico” para servidores públicos. O relatório aponta que Coutinho tinha um rendimento mensal de R$ 13 mil na PF.
Pedágio free flow vira desgaste para Tarcísio – Os novos pedágios “free flow” se tornaram um dos focos de desgaste da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) e já acendem alerta no Palácio dos Bandeirantes. O novo sistema, que elimina as praças físicas e faz a cobrança da tarifa de forma automática, a partir da leitura da placa ou da tag do veículo, virou munição da oposição e tem recebido críticas até de deputados da base. Aliados do governador avaliam que o tema é impopular e pode causar desgaste junto ao eleitorado. O governo, por meio da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), informou que “as cobranças nos trechos somente são autorizadas após a conclusão, por parte das concessionárias, dos investimentos necessários e previstos em contrato”. A gestão, porém, não respondeu às críticas de aliados e opositores sobre o aumento de pontos de pedágio e possível elevação de custos.
Contag, investigada por fraude, movimentou R$ 2 bilhões – A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), uma das investigadas no suposto esquema de descontos ilegais a beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), movimentou R$ 2 bilhões em um ano. A informação está em um relatório enviado à CPI do INSS pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e produzido com base na movimentação financeira da entidade entre maio de 2024 e maio de 2025. Em nota, a Contag informou que não teve acesso ao documento e que pauta sua atuação pela transparência, legalidade e responsabilidade social.