A Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais. O texto, aprovado de forma unânime pelos 493 deputados federais que votaram, agora segue ao Senado Federal.
Os três senadores do Rio Grande do Sul têm consenso em dois pontos. Eles concordam com a isenção do IR para quem ganhar até R$ 5 mil e todos acreditam que a proposta será aprovada. Há divergências, porém, entre eles.
Senador governista, Paulo Paim (PT) afirma não ter “nenhuma dúvida de que o projeto será aprovado por unanimidade”. “Se conheço o Davi (Alcolumbre, presidente do Senado), o projeto chegando aqui na semana que vem, ele imediatamente coloca para a votação. É um projeto que tem todo um envolvimento social”, avalia o petista.
Paim acredita que não há espaço para que a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça obstruções ao tema. “Tenho certeza que não. Depois do calor que levaram na proposta de emenda à constituição (PEC) da Blindagem… porque eles queriam fazer barganha com aquela. Não farão barganha agora porque é uma proposta super popular e seria um suicídio político”, afirmou o senador.
Apesar de afirmar ser a favor da isenção, o senador Hamilton Mourão (Republicanos) deve votar contrariamente ao texto aprovado pela Câmara. Segundo ele, falta transparência ao governo sobre a compensação da perda de arrecadação.
“O projeto atende uma promessa de campanha do presidente da República, mas é populista quando se leva em consideração que o governo tem imensa dificuldade de cumprir o que ele mesmo previu no Orçamento por falta de arrecadação. Em tese, seria coberta por aquilo que vai ser cobrado daqueles que recebem mais, mas não tem nenhum cálculo mostrando isso”, critica Mourão.
“Basta olhar as contas do governo. Elas não fecham. Vem acumulando dívidas seguidas. Existe um piso do arcabouço fiscal e, se vai deixar de arrecadar, vai ter que compensar em outra ponta. No nosso governo (Bolsonaro), tentamos fazer a taxação de pessoas com renda mais elevada, taxar lucros e dividendos de quem ganha mais de R$ 400 mil por mês, achamos justo. Mas não há cálculo demonstrando que a desoneração vai efetivamente ser compensada”, afirmou o ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro, que, durante a campanha eleitoral de 2022, sinalizou a possibilidade.
“Vai fazer essa medida populista, todo mundo vai achar bacana. Ano que vem vai ter uma injeção de gastos na economia, a renda extra vai ser usada no consumo, vai causar uma inflação e vai ser mais difícil de o Banco Central baixar a taxa de juros”, argumentou ainda Mourão.