Sant’Ana do Livramento e Rivera celebraram o sucesso estrondoso da 9ª edição do Frontera – Festival de Enogastronomia da Fronteira. Com o tema “Saberes e Sabores da Fronteira”, o evento superou todas as expectativas e se consolidou como um dos grandes festivais do Rio Grande do Sul e o maior do gênero no Uruguai. Em entrevista ao programa Jornal da Manhã, da Rádio RCC FM 95.3, a curadora Jussara Dutra e o coorganizador Fabrízzio Conti compartilharam os números e as emoções de um festival que se tornou símbolo de união e desenvolvimento binacional.

O festival, que durou quatro dias, alcançou resultados impressionantes, especialmente na área da agricultura familiar. Mesmo com um dia a menos que a edição anterior, a feira gerou um faturamento de R$ 296 mil, mais que o dobro dos R$ 129 mil de 2023. Somando-se as vendas da Praça de Alimentação, Feira do Livro, artesanato e vinhos, a expectativa é que o valor total tenha ultrapassado a marca de um milhão de reais, um dinheiro que, segundo os organizadores, circula na própria fronteira.
Fabrizzio Conti destacou a superação em termos de estrutura, qualidade da programação e, principalmente, a participação do público. “Foram mais de cem atividades gratuitas no Parque Internacional, e praticamente todas tiveram um público muito bom”, afirmou.
A programação foi um dos pontos altos da edição. O evento contou com palestras e oficinas lotadas, como a de “Mudanças Climáticas” com a pesquisadora Júlia Kao, que atraiu mais de 600 crianças, e o evento “Cozinheiras de Memória”, que reuniu mais de 500 pessoas. Novidades como o encontro de “mulheres assadoras”, com a participação de chefs do Brasil, Uruguai e Chile, também foram um sucesso absoluto.
Além disso, o festival consolidou o concurso de pratos à base de cordeiro, com seis universidades competindo pelo prêmio, e o tradicional churrasco fronteiriço, que reuniu cerca de 2 mil pessoas no Parque Internacional. Jussara ressaltou a dificuldade logística de montar as cozinhas e a importância do evento para a troca de conhecimentos entre estudantes e cozinheiros. A participação fundamental de instituições de ensino, como a UTU e o IFSUL, e a presença de estudantes de Enologia de Dom Pedrito, demonstram a importância da valorização e do envolvimento de diversas instituições para o sucesso do festival.
Jussara Dutra enfatizou a importância do apoio dos governos federal e estadual de ambos os países, bem como de empresas e instituições locais. “Sem este apoio, o evento não se levantaria no tamanho e na qualidade que ele tem”, disse Jussara, que mencionou o suporte de cinco órgãos federais brasileiros e diversos ministérios uruguaios. A essência do festival reside em sua característica binacional e em seu forte caráter comunitário.
O festival também se destacou pela sua capacidade de unir a comunidade local, um aspecto que Jussara e Fabrício consideram o maior legado. O evento “Turismo na Escola”, que envolve as instituições de ensino, demonstra o esforço em manter o festival como um evento para a comunidade, e não apenas para turistas. Essa abordagem, que Jussara contrasta com outros grandes eventos do estado, reforça a importância do festival para o desenvolvimento local.
Fabrizzio Conti complementa a visão, destacando que o evento quebrou a “linha divisória invisível” que, por muito tempo, separou as duas cidades. A troca de experiências entre produtores, artesãos e empresários, como a produtora gaúcha que começou a fabricar um doce de leite em homenagem ao produto uruguaio, exemplifica a rica interação cultural e econômica que o festival promove. Além disso, Fabrício afirmou que o Festival de Enogastronomia da Fronteira é, sem dúvida, o maior evento do gênero no Uruguai, tanto pelo seu conteúdo quanto pela sua capacidade de integrar diferentes esferas da sociedade.
Com o sucesso da 9ª edição, o festival se consolida como o quarto maior evento do Rio Grande do Sul, um motivo de orgulho e um desafio para o futuro. A organização já começa a planejar a 10ª edição, que promete ser ainda maior. Para Jussara, o principal desafio será manter a união e o espírito de colaboração que tornaram o festival um sucesso.
“O resultado do festival é o resultado da união de muitos”, concluiu Jussara, ecoando o sentimento de um evento que celebra a cultura, a gastronomia e, acima de tudo, a parceria entre dois países em uma fronteira que se uniu para festejar.
REPORTAGEM – MATIAS MOURA
FOTOS – FABIAN RIBEIRO