Por Matias Moura
O cenário da queijaria artesanal brasileira ganhou destaque no programa Panorama Agropecuário no último sábado, na Rádio RCC FM, com a participação da Dra. Cristina Zaffari Grecellé, jurada no renomado Prêmio Queijo Brasil 2025. Em entrevista, a Dra. Cristina compartilhou detalhes sobre o festival, a crescente valorização dos queijos artesanais e a emoção de ver produtos gaúchos serem reconhecidos em nível nacional.

Um dos pontos altos da entrevista foi o relato emocionante da Dra. Cristina sobre o resultado do Prêmio Queijo Brasil. Dentre os 2.200 itens avaliados, a maioria queijos, dez foram agraciados com o cobiçado prêmio Seleção Queijista. Para satisfação e alegria da Dra. Cristina, um desses dez foi conquistado por uma queijaria gaúcha, a Pipo. “Na seleção queijista, uma queijaria gaúcha foi contemplada”, revelou a Dra. Cristina, emocionada. “A gente sabe o que é o dia a dia dessas pessoas. É um reconhecimento e para nós é também uma emoção, porque a gente entende que essa cadeia, com essa força, está conseguindo se colocar nesse status e realmente está retornando tanto para o nosso estado, para o nosso Brasil.”
O Prêmio Queijo Brasil, ocorre anualmente em Blumenau e tem visto um aumento constante no número de participantes. Este ano, o evento contou com 2.200 produtores inscritos de todo o Brasil, e pela primeira vez, abriu categorias para doce de leite, embora os queijos continuem sendo o foco principal.
O diferencial do prêmio, segundo a jurada, não se limita apenas à avaliação e premiação. “O produtor não recebe só uma nota, ele não recebe só uma medalha, ele recebe sugestões de melhoria”, destacou a Dra. Cristina. Essa abordagem visa impulsionar o aprimoramento técnico e o acesso a novas tecnologias para os produtores artesanais. É importante ressaltar que, para garantir a imparcialidade, a Dra. Cristina, sendo do Rio Grande do Sul, não avalia nenhum queijo gaúcho. As bancas de jurados são compostas por profissionais de diferentes regiões do Brasil, assegurando uma avaliação diversificada e transparente.
A diversidade dos queijos gaúchos: do serrano aos autorais
Ao ser questionada sobre a diversidade de queijos no Rio Grande do Sul e no Brasil, a Dra. Cristina enfatizou a riqueza da produção gaúcha. O Queijo Serrano, com sua identificação geográfica, é o grande símbolo do estado. No entanto, ela ressaltou a crescente importância dos queijos autorais.
“O autoral é o queijo que não é tipo, ele é o queijo do produtor”, explicou. “Isso valoriza muito um produto, traz a sua identidade, traz a sua regionalidade, uma característica daquele produtor ou daquela região.”
A entrevista no Panorama Agropecuário reforçou a importância do Prêmio Queijo Brasil como um catalisador para o desenvolvimento da cadeia produtiva de queijos artesanais, e a paixão e dedicação de profissionais como a Dra. Cristina Zaffari são fundamentais para o reconhecimento e valorização do trabalho árduo dos produtores brasileiros, em especial os do Rio Grande do Sul.
Gaúchos em destaque
No Prêmio Queijo Brasil 2025, vários queijos gaúchos foram reconhecidos, demonstrando a excelência da produção local. A Associação Gaúcha de Produtores de Leite (APIL) informou que 11 queijarias associadas foram premiadas, conquistando um total de 51 medalhas!
Um dos grandes destaques do Rio Grande do Sul foi o Laticínios Pipo, de Nova Roma do Sul-RS, que conquistou o cobiçado prêmio Super Ouro com o seu Queijo Pipo. A Dra. Cristina Zaffari mencionou essa conquista com grande emoção na entrevista, ressaltando o trabalho e a dedicação dos produtores. Além do Super Ouro, o Laticínios Pipo também ganhou Ouro com o Queijo de Coalho, Prata com o Queijo Vô Adelino e o Queijo Colonial com Erva Mate, e Bronze com o Queijo de Coalho com Orégano, Ricota Fresca com Chimichurri e Queijo Colonial com Salame.
Outros queijarias gaúchas também brilharam no concurso, como:
Laticínio Granja Cichelero – Premiado como a Melhor Queijaria do Rio Grande do Sul, e conquistando diversas medalhas de Ouro, Prata e Bronze com seus queijos Parmesão, Gruyère, Prato, Colonial (em várias versões) e Doce de Leite.
Outras premiações foram para Dalaio Queijos, Estrelat; Laticínios Bio (Steffenon) – ganhou Prata com Queijo Prato Lanche e Muçarela, e Bronze com Queijo Colonial. Laticínios do Sul – conquistou Ouro com Queijo Parmesão e Queijo Colonial, Prata com Queijo Parmesão (Capa Preta) e Queijo Minas Meia Cura Reduzido em Gordura Totais, e Bronze com Queijo Prato para Dietas com Restrição de Lactose e Queijo Montanhês.
Pomerano – recebeu Bronze com Queijo Colonial, Queijo Tipo Gouda e Queijo Prato; Queijaria Nova Alemanha – conquistou Ouro com Queijo Tipo Parmesão e Queijo Tipo Maasdan, Prata com Queijo Tipo Sardo, Queijo Tipo Boursin de Leite de Cabra com Ervas Finas e Queijo Tipo Gruyère, e Bronze com Queijo Tipo Morbier e Queijo Tipo Gouda.
Queijaria Schneider – obteve Ouro com Queijo Parmesão e Bronze com Queijo Tipo Samsoe e a Queijaria Valbrenta.
A Terroir da Vigia, de Sant’Ana do Livramento, teve uma participação de destaque no Prêmio Queijo Brasil 2025 .A queijaria conquistou duas medalhas nesta edição: Bronze com o queijo Doble Chapa e Bronze com o queijo Balido.
A empresa Terroir da Vigia é conhecida por seus queijos autorais, feitos a partir de leite de ovelha, e o Doble Chapa, com sua mistura de leite de vaca e ovelha e a simbólica “divisa” no meio, é um excelente exemplo da inovação e regionalidade da queijaria. O Balido, um queijo colonial de leite de ovelha, também já foi medalhista de ouro em edições anteriores do prêmio.