Com um ano e meio, Felipe começou a silenciar. As palavras que antes saíam naturalmente — “mamãe”, “papai”, os sons dos animais — foram desaparecendo, e com elas veio a angústia dos pais. Foi o início de uma caminhada longa, marcada por dúvidas, julgamentos e muita busca por respostas. “Disseram que era por causa da pandemia, que menino é mais preguiçoso, que uma hora ele voltaria a falar”, relembra. Mas no coração dela algo dizia que havia mais. E havia: em 2022 veio o diagnóstico de autismo, após oito meses de investigação.
“Minha reação foi um misto de medo e alívio, porque eu finalmente sabia o que estava acontecendo. Não foi uma surpresa total, eu já pesquisava sobre o assunto, e algumas pessoas próximas já tinham comentado. No fundo, eu sentia. Mãe sente. Mas é difícil não ter medo.”
Desafios e silêncios
Para Dieni, o maior desafio ainda é a ausência da fala. “Não saber o que ele sente quando está doente, o silêncio no carro na volta da escola, sem saber como foi o dia… isso dói.”
Mas entre tantos silêncios, também vieram as conquistas. Uma das mais marcantes aconteceu em 20 de setembro de 2023, quando viu o filho enfrentando o mundo com coragem e leveza. “Ele mostrou para todos que o autismo não é sentença, que não significa derrota. Ele pode tudo.”
E uma vitória ainda mais especial veio neste ano: Felipe começou a falar novamente. E entre as palavras novas, veio aquela que emocionou profundamente: “mãe”.
“Esse Dia das Mães é ainda mais especial porque ouvi meu primeiro ‘MÃE’. Foi uma emoção enorme. Uma daquelas que ficam marcadas para sempre.”
Rede de apoio e fé
O suporte vem do marido, presente em todos os momentos. Mas foi com a educadora especial Márcia Maciel que a família encontrou o acolhimento que precisava logo após o diagnóstico.
Hoje, Felipe estuda no Colégio Santa Teresa e conta com o suporte da escola e das terapias, fundamentais para seu desenvolvimento.
Mesmo assim, o preconceito ainda existe — e às vezes vem de onde mais machuca. “Já enfrentamos olhares e julgamentos, sim. Dói ainda mais quando vem da família. Mas sei que, na maioria das vezes, é falta de informação. Sempre que posso, tento explicar sobre o autismo.”
“Ele é o amor da minha vida”
A cada dia, Dieni aprende com o filho. Com a força dele, a alegria, o carinho e a dedicação com que enfrenta as terapias, mesmo cansado. “Com ele, aprendi a acreditar em Deus. É quem tem me sustentado. Pela graça de Deus, vejo meu filho evoluindo e tenho certeza de que seu futuro será brilhante.”
A mensagem de uma mãe
Para outras mães que vivem a mesma jornada, ela deixa um recado cheio de amor, fé e coragem:
“Acreditem nos seus filhos. Não os limitem. Se der vontade de chorar, chore. Mas depois, arregace as mangas e vá à luta. O autismo não é sentença. Eles podem tudo.
Meu pequeno ainda está começando a falar, mas já faz bolo, pudim, biscoito… Ele ama cozinhar! Encontre algo que seu filho goste e incentive. Não se cobrem se as coisas não derem certo no começo. Não desistam.
Para Deus, não existe nada impossível. Vai dar tudo certo.”