Talvez eu seja um dos últimos remanescentes de uma raça em extinção, Acreditam: eu acredito no respeito ao consumidor por parte da indústria, comércio e prestadores de serviços. Na família sou o “Rei do SAC”, fruto da esperança que deposito no Serviço de Atendimento ao Cliente. Creio que não seja apenas uma sigla no rótulo.
O Código de Defesa do Consumidor foi criado pela Lei Nº 8.087, de 1990. A iniciativa gerou a expectativa de que teríamos um instrumento de defesa eficiente, mas há muita frustração. Tive muitas decepções e experiências positivas ao recorrer ao SAC de algumas empresas.
Numa das primeiras vezes reclamei de um iugurte fabricado por uma tradicional cooperativa da Serra gaúcha. Alguns dias depois da queixa um funcionário, com forte sotaque italiano e ao volante de um caminhão, perguntou:
– Tu é o Gilberto? Tenho uns produtos pra te dar”.
Apesar do “jeitinho” estranho, a troca foi feita, a mercadoria estragada substituída, com direito ao brinde com diversos produtos da marca.
Sou consumidor da mostarda Rib’s, marca de uma antiga lancheria do centro de Porto Alegre. O produto é fabricado pela Oderich, empresa tradici-onal de São Sebastião do Caí. De sabor picante, o produto que comprei não correspondia ao rótulo. Acessei o site da empresa e pouco depois recebi uma ligação. Educadamente a atendente explicou que recebera a queixa e que seriam tomadas providências.
Incrédulo, um mês depois recebi uma análise laboratorial detalhada e um laudo redigido para que eu, como leigo, entendesse o erro cometido. A correspondência dizia que todo o lote fora retirado do mercado. Uma semana depois recebi uma cesta com mais de 20 produtos da marca, um cartão e um pedido de desculpas pelos transtornos.
Em dezembro passado reclamei de uma centenária marca de palitos, Gina, pela péssima qualidade da mercadoria. Uso palitos para fixar pedaços de carne de churrasco que ficam pendentes no espeto. Dias depois, um e-mail explicava que por questões ecológicas a indústria estava experimentando tipos de madeira para fabricar os palitos. Além de agradecer a reclamação, havia um pedido de desculpas. De brinde, ganhei mil – isso mesmo, mil! – palitos que pretendo trocar por refeições em algum restaurante ou food truck.
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]