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O Rio Grande do Sul tem mais de 400 mil pessoas vivendo em favelas e comunidades. A informação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base no censo de 2022.
Conforme o órgão, o acesso à infraestrutura e arborização nesses locais destoa de outras áreas das cidades. Eu jamais poderia imaginar que o nosso Estado, outrora orgulhoso de vários índices invejáveis, chegasse a este ponto.
Para muitos, esta é uma realidade de grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo. Para o IBGE, favela e comunidade urbana são localidades e moradias com ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos, autoproduzidos por parâmetros urbanísticos e construtivos distintos dos definidos pelos órgãos públicos, e em áreas com restrição a ocupação ou em áreas de risco ambiental.
Embora o Rio Grande do Sul não figure entre as maiores população vivendo nestes locais, há peculiaridades regionais que destoam do restante do país. A principal delas é a desigualdade de acesso, como arborização, infraestrutura de saneamento, condições de calçadas ou iluminação. Estas são diferenças mais acentuadas em nosso Estado em comparação com o resto do país.
O RS é o 12º Estado em população residente em favelas e comunidades urbanas. Eram 416.535 pessoas vivendo nesses lugares em 2022, ou 3,8% da população. Somente em Porto Alegre eram quase 300 mil pessoas. Estes dados são estarrecedores diante da tradição de qualidade de vida que por décadas ostentamos.
Lembro com saudades dos velhos tempos de “primário e segundo grau” em que éramos invejados Brasil afora. Tínhamos indicadores na agricultura comparáveis aos países mais desenvolvidos do mundo. Nossa educação fazia brilhar os olhos de professores, pais e alunos com talentos descobertos em escolas, inclusive localizados no interior e na periferia das grandes cidades.
Na economia, a pujança gaúcha era responsável pela atração de inúmeros investimentos do centro do país e do exterior. Nosso parque fabril e comercial era responsável pela vinda de talentos encantados com as estatísticas “Made em Rio Grande do Sul”. Hoje o contingente de moradores de favelas e comunidades é apenas um dos índices que envergonham a nossa história.
