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qui, 18 de dezembro de 2025

Brasil supera EUA e assume liderança mundial na produção de carne bovina, aponta USDA

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Pela primeira vez na história recente da pecuária global, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior produtor de carne bovina do mundo. A informação consta em relatório oficial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), referência internacional em estatísticas agropecuárias, e confirma uma mudança estrutural no cenário mundial da proteína animal.

A virada ocorre em um momento emblemático para o setor brasileiro. Há mais de duas décadas o país ocupa a liderança nas exportações globais de carne bovina, e agora consolida sua posição também no topo da produção, reforçando o protagonismo no mercado internacional.

De acordo com as estimativas do USDA, o Brasil deve encerrar 2025 com uma produção de 12,35 milhões de toneladas de carne bovina, considerando o peso da carcaça. O volume representa crescimento de aproximadamente 4% em relação a 2024 e supera a produção estimada dos Estados Unidos, que ficou em 11,81 milhões de toneladas no mesmo período.

O resultado contrariou projeções feitas no início do ano, quando parte do mercado previa retração da produção brasileira em função do maior abate de fêmeas. Esse cenário, no entanto, não se confirmou, impulsionado principalmente pelo aumento da produtividade por animal.

Um dos principais fatores que explicam o avanço brasileiro é o ganho no peso médio das carcaças. Em setembro de 2025, os machos abatidos no país atingiram peso médio de 303 quilos, um recorde histórico. O desempenho permitiu que o Brasil superasse, em alguns meses, a marca de 1 milhão de toneladas produzidas mensalmente.

Segundo o consultor Maurício Nogueira, da Athenagro, esse avanço é reflexo direto da maior adoção de tecnologia no campo, com melhorias na alimentação, no manejo e na eficiência produtiva. Os dados consideram abates com inspeção municipal, estadual e federal, o que reforça a robustez das informações divulgadas.

Enquanto o Brasil avança, a pecuária norte-americana enfrenta um cenário de retração. O USDA aponta que o rebanho bovino dos Estados Unidos está no menor nível desde a década de 1970, pressionado por secas prolongadas, elevação dos custos de produção e redução das áreas de pastagem. Como consequência, a produção americana registrou queda de cerca de 4% em 2025, abrindo espaço para a liderança brasileira.

Para 2026, o próprio USDA projeta uma leve redução na produção tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, com volumes próximos de 11,7 milhões de toneladas para ambos, o que pode resultar em um empate técnico. Ainda assim, especialistas avaliam que o Brasil possui margem para sustentar ou até ampliar sua produção, especialmente se mantiver os ganhos de rendimento de carcaça e eficiência produtiva. A melhora nos preços pagos ao produtor nos últimos 18 meses também surge como estímulo adicional ao setor.

A nova posição brasileira ocorre em um contexto desafiador do mercado global. Após cinco anos consecutivos de crescimento, as exportações mundiais de carne bovina devem recuar em 2026, ao mesmo tempo em que a produção global tende a diminuir. Nesse cenário, o Brasil se destaca pela combinação de escala produtiva, custos mais baixos, eficiência na cria de bezerros e um diferencial sanitário relevante, com status livre de doenças como gripe aviária, peste suína africana e língua azul.

A liderança na produção, somada ao protagonismo consolidado nas exportações, reforça o papel estratégico da pecuária brasileira no abastecimento mundial de alimentos e coloca o país no centro das decisões e disputas do mercado internacional de carne bovina.

Com informações do Compre Rural

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