Jornal A Plateia – Rádio RCC – Santana do Livramento

ter, 11 de novembro de 2025

Por Gilberto Jasper: Falta seriedade, sobram paixões

Jornalista/gilbertojasper@gmail.com
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Já estamos em plena primeira quinzena de novembro, mas os termômetros parecem mal humorados diante do calendário. Vira e mexe aparece uma frente fria, um ciclone extratropical e outras cossitas com as quais a gente já começa a se acostumar. Normalmente a esta hora o pessoal já flertava com as festas de fim de ano, com férias, idas ao litoral e outros quetais.
Convivemos com um fenômeno recente, que são os alertas disparados pela Defesa Civil e pelos institutos de meteorologia. Isto era algo incomum até pouco tempo atrás. Mesmo com tantos avisos e da tecnologia avançada disponível, os prejuízos com as reviravoltas do clima costumam custar caro. Tanto em termos materiais quanto as perdas humanas.
Estive fora do Rio Grande do Sul no último final de semana, mas acompanhei à distância as loucuras do clima. São episódios que encontram uma população traumatizada pelo Estado afora. Regiões inteiras sofrem por antecedência diante dos avisos de possíveis cataclismos. Crianças ficam desesperadas diante de raios e trovões e buscam refúgio debaixo da cama, tendo bem vivas na memória as imagens das enchentes de 2023 e 2024.
Não gosto do temo “novo normal”, por ser usado à exaustão, mas todas as experiências anteriores, em termos de comportamento do clima, parecem registros superados. Índices, dados, informações técnicas e experiência de profissionais altamente gabaritados são postos à prova a cada virada do tempo. Os alertas, antes pouco confiáveis e levados à sério pela população, ganham espaço e relevância jamais imaginados.
Sinais do tempo, como o surgimento das flores de jacarandás e ipês, entre outras vegetações, já não servem de parâmetro para prever o tempo, ao menos a médio e longo prazo. Velhas tradições, passadas por diversas gerações e ouvidas na infância proferidas pelos avós, perderam-se no emaranhado de barbeiragens cometidas pelos humanos. Abusamos das riquezas naturais, ignoramos o esgotamento energético e a conta chegou.
Parte deste resultado também se deve ao fanatismo das discussões. Muita paixão e pouco viés científico desacreditaram os debates que deveriam ser sérios, baseados em evidências, dados técnicos e comprovação fática. Ao invés disso, o debate quase sempre ocorre em baixo nível. E a vítima somos todos nós.
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