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“O que se perde ou se deixa” é a reportagem da jornalista Flávia Simões no “Correio do Povo” do fim de semana. A matéria revela o cotidiano do setor de achados e perdidos da estação rodoviária de Porto Alegre, do Aeroporto Salgado Filho, do estádio Beira-Rio, de estações do Trensurb, Museu Joaquim Felizardo e da Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa),
A reportagem demonstra e variedade de objetos extraviados e o nível de distração turbinado pelo uso do celular. Somente este ano 7.640 itens foram entregues no Salgado Filho. Apenas 1.339 pertences foram resgatados pelos donos. O número é uma média: na maioria dos objetos perdidos, só 30% são devolvidos.
O índice é baixo, embora sempre haja um procedimento-padrão que consiste em buscar uma possível identificação do proprietário, seguida do registro fotográfico antes de ser destinado ao depósito. A exceção são os chamados “perdidos perecíveis” com data de validade.
Brinquedos, bengalas, telefones celulares, óculos, chapéus, bonés e aparelhos eletrônicos em geral são os campeões entre os objetos perdidos/encontrados. Entre os inusitados está uma pulseira de luxo da marca Tiffany & Co. que pode custar mais de R$ 500 mil. Também já foram encontradas bolsas da chiquérrima marca Louis Vuitton, cujo modelo mais caro custa R$ 150 mil, todos no aeroporto de Porto Alegre.
Entre os objetos inusitados está uma urna mortuária com cinzas deixada nas dependências do estádio Beira-Rio. O mistério foi resolvido: o parente queria prestar a homenagem pedida pelo falecido, mas não sabia os protocolos. Se este episódio choca, o que dizer dos tutores – antigamente chamados de “donos” ou “proprietários” – de pets – antigamente chamados de “animais de estimação” – que abandonam a bicharada ao Deus dará?
Funcionários do Aeroporto Salgado Filho relatam que mais de uma vez tutores deixaram seus animais de estimação – gatos, cães e patos – ao serem impedidos de embarcar com os mascotes. “Normalmente o dono afirma que alguém irá buscar o pet, mas isso raramente acontece”, relatam. Sem estrutura para acolher os “abandonados”, alguns trabalhadores do terminal ficam sensibilizados e acabam por adotar os pobres bichinhos. A que ponto chega o ser humano, heim?
