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sex, 19 de dezembro de 2025

Por Gilberto Jasper: A VIDA, RECORDAÇÕES E EQUILÍBRIO

Jornalista/gilbertojasper@gmail.com
Gilberto Jasper - Foto: Divulgação | Crédito: Jornalista/gilbertojasper@gmail.com
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Vivo há décadas fora da minha terra natal, Arroio do Meio. A mudança feita por volta dos 17 anos teve forte impacto. De uma casa de mordomias imensas passei a morar em uma “república”, um velho apartamento com dois dormitórios com sete amigos. Eram dois beliches em cada quarto.
Na casa paterna usufruía de refeições na hora certa, roupa lavada, quarto arrumado e a segurança de no final do dia ter o aconchego da família. Era a _“dolce vita”_ sem sobressaltos e onde o único compromisso era obter boas notas e passar de ano. De resto, não havia preocupações.
Ao mudar para Porto Alegre, as coisas mudaram radicalmente ao ponto de quase desistir várias vezes. Morar sozinho significava muito mais que arrumar o próprio quarto, se virar na hora das refeições, batalhar por emprego e cuidar das roupas para trabalhar no dia seguinte.
A liberdade que buscava fora de casa – sonho típico do período de pós-adolescência e início da idade adulta – cobrava um preço muito mais alto. O novo cotidiano exigia disciplina, além do que hoje chamamos de resiliência. Além de atenção permanente para sobreviver na “selva de pedra”.
Hoje voltou à cidade natal de uma ou duas vezes por mês para rever amigos, antigos afetos e tomar pé da situação do município durante atingido pelas três enchentes de 2023 e 2024. É uma realidade bastante diferente daquela que deixei para trás. A cidade cresceu, to-nou-se mais urbana e a zona urbana já não carece de vários confortos que outrora eram sonho de consumo dos jovens agricultores e familia-res.
A tecnologia, fenômeno onipresente nos mais diversos segmentos do dia a dia, levou desenvolvimento e maiores facilidades às populações rurais e das cidades do interior. Sinto saudades de muitas coisas “dos bons tempos”, mas confesso que dificilmente me adaptaria a voltar a viver em uma cidade do interior.
Morar em Porto Alegre cobra um preço significativo. O custo de vida é alto e, como costumo dizer, “botou o pé fora da casa… é gasto garantido”. As recordações da infância somadas às boas experiências da cidade grande me satisfazem. Posso rever velhos parceiros a qualquer momento e usufruir das facilidades de um centro urbano. O equilíbrio, sempre, é o melhor conselheiro.

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