“Me encanta o que vi aqui!” Com essas palavras, a diplomata palestina Nadia Qaraqra, encarregada de negócios da Embaixada Palestina em Montevidéu, falou sobre a convivência harmoniosa e a facilidade de circulação na fronteira, contrastando drasticamente com a realidade palestina, onde mais de mil portas de ferro, ou pontos de checagem, separam cidades, vilas e aldeias; separam famílias e vidas, restringem severamente a movimentação, negando direitos básicos e gerando um sentimento de encurralamento em todo um povo.
Nadia está na cidade para palestrar na Unipampa, na manhã desta terça-feira, a partir das 08h20, no Ciclo de Palestras de Temas Atuais de Direito Internacional. O tema: Palestina, paz e justiça, reflete o desafio de encontrar justiça em um estado que vem sendo ocupado e destruído desde 1947. A agenda ainda incluiu encontros com ediles de Rivera, políticos locais e representantes da comunidade local palestino-brasileira-uruguaia para abordar a grave situação na Palestina.
Em visita à rádio RCC, em companhia do advogado Nasser Judeh, Nadia falou que a ocupação israelense é denunciada há décadas, e o sofrimento palestino, que não começou em outubro de 2023, é fruto dessa longa história. Há um apelo para que a comunidade internacional reconheça o Estado da Palestina, algo que deveria ter acontecido desde 1947 e que só agora, após a escalada de violência em Gaza, ganha mais atenção. Na visão de Qaraqra, “a questão de Gaza não é apenas uma crise humanitária, mas um problema político que exige uma solução abrangente para toda a ocupação, incluindo a Cisjordânia, que também sofre com colonos armados”.
A diplomata explica que, apesar das denúncias de organizações internacionais, Israel manteve o controle das fronteiras de Gaza (que já era conhecida como uma “prisão a céu aberto”), resultando em uma “fome imposta” documentada por investigações e apresentada em cortes internacionais. A ajuda humanitária é considerada de “suma importância”. Ela acusa Israel de impor um bloqueio “profundo e absoluto” à entrada de suprimentos em Gaza.
Segundo Nadia, apesar de ser vítima de um “genocídio implacável” e da destruição (95% da infraestrutura de Gaza devastada), o povo palestino é pacífico e busca a paz para poder viver. Ela conclui dizendo “não temos tido tempo de nos abraçar, de sarar feridas, de enterrar nossos seres queridos; não temos tido tempo de dar santo sepulcro a ninguém de nós. Continuamos procurando os desaparecidos. Hoje mesmo enterramos uma dezena de cadáveres sem identificação.”

Palestra Palestina: Paz e Justiça será na Unipampa, terça-feira, 28/10, a partir das 08h20
