A Oposição na Câmara dos Deputados reagiu à articulação do governo Lula para viabilizar um empréstimo de R$ 20 bilhões destinado a cobrir o rombo financeiro dos Correios. A operação, que contará com garantia do Tesouro Nacional, foi classificada pelos parlamentares como um “resgate irregular” de uma estatal que apresentava lucros até 2022 e mergulhou em sucessivos déficits após o retorno do PT ao poder.
“O que está sendo revelado nos Correios é tão grave quanto o escândalo do INSS — e pode até superá-lo em valor e impacto. Não se trata de simples má gestão, mas de um esquema que destruiu uma empresa pública lucrativa e agora tenta empurrar a conta para o contribuinte”, afirmou o líder da Oposição, deputado Zucco (PL-RS).
Desde o início de 2023, denúncias internas e reportagens investigativas já apontavam irregularidades graves na estatal. Uma delas mostrou que ex-dirigentes dos Correios criaram empresas de logística privadas, que passaram a operar agências “piratas”, usando a estrutura e a marca da estatal para lucrar de forma irregular — um esquema que, segundo auditores e fontes internas, drenou receitas e contribuiu para a deterioração financeira acelerada da empresa.
O impacto dessas irregularidades começou a aparecer nas demonstrações contábeis. Apenas no primeiro semestre de 2025, os Correios registraram prejuízo líquido de R$ 4,37 bilhões, três vezes mais do que em 2024, com risco de insuficiência de caixa já em outubro — conforme alerta o requerimento protocolado pelo deputado Zucco na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC)
Pacote de ações legislativas
Diante do colapso financeiro e das suspeitas de desvio de recursos, a Liderança da Oposição apresentou um pacote de medidas de investigação:
1. Criação de uma CPMI dos Correios, para apurar o desvio de recursos, contratos suspeitos e o impacto das “empresas piratas” reveladas pelo Intercept;
2. Convocação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar o empréstimo de R$ 20 bilhões e o uso de recursos públicos com garantia do Tesouro Nacional
3. Criação de uma Subcomissão Especial na CFFC para fiscalizar de forma minuciosa a gestão contábil, financeira e patrimonial da estatal, composta por 11 membros
No Senado, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) apresentou requerimento que deu origem a uma investigação na Comissão de Fiscalização e Controle, reforçando a amplitude e a convergência das ações da Oposição no Legislativo.