Tenho escrito com frequência sobre a velhice. Esta tendência tem dois motivos: a própria situação do cronista (com 65 anos completos em junho) e uma nova visão das pessoas que ingressam na terceira idade e suas consequências.
A indústria farmacêutica frequentemente coloca no mercado novos medicamentos para minimizar as mazelas da idade. O mercado se baseia na lei da oferta e procura. Assim, a chamada “economia grisalha” ganha força com novidades repletas de promessas de bem-estar.
Uma das novidades sobre o envelhecimento é a pesquisa da empresa de saúde e longevidade Vhita. O levantamento ouviu 500 pessoas de todas as regiões do país e concluiu: 71% dos entrevistados temem limitações físicas e dores frequentes; 66% têm medo de perda de foco, memória ou clareza mental e 58% se preocupam com a perda da autonomia no dia a dia.
Conviver pacificamente com as limitações impostas pela idade é um desafio diário. A maioria dos idosos aceita e pede em oração:
– Quero viver bastante, mas sem depender de ninguém!
Pertenço à geração cujo sonho dourado era alcançar a aposentadoria para realizar sonhos, viabilizar projetos e deixar para trás compromissos, horários e obrigações. Depois de décadas de trabalho, o pensamento era usufruir de tempos de liberdade plena. Muita gente, no entanto, não alcança essa realização.
Em pouco tempo, a falta de planejamento transforma o sonho em pesadelo. Inatividade, solidão, isolamento e depressão são sentimentos do cotidiano depois da aposentadoria. Em atividade, poucos elaboram um projeto para desacelerar até a parada total. Diversas empresas, instituições e órgãos públicos já adotam programas preparatórios para a aposentadoria. O currículo possui conteúdos referentes ao empreendedorismo, orientações para criação de microempresas, alternativas de atividades físicas, apoio e orientação psicológica, além de dicas para os amantes de viagens e esportes menos radicais.
“Envelhecer bem é não ficar sozinho, ter amigos de verdade e saúde” é o pensamento da maioria dos “jovens há mais tempo”. A falta de contato com colegas de trabalho e amigos espreita os idosos. Por isso, não dispenso o encontro semanal com amigos de muitas décadas. É um bálsamo, um divã com consulta grátis.
Gilberto Jasper – Jornalista