seg, 15 de setembro de 2025

Variedades Digital | 13 e 14.09.25

Por Gilberto Jasper: MUDANÇA DE HÁBITOS

Jornalista/gilbertojasper@gmail.com
Gilberto Jasper - Foto: Divulgação
Frequento o Litoral norte do Rio Grande do Sul desde a mais tenra idade. Meu avô, Bruno Kirst, tinha uma grande casa de madeira na praia de Tramandaí, outrora conhecida como “A Capital das Praias”. Era uma época heróica perto das facilidades de hoje.
O imóvel – casarão de madeira com muitos quartos – ficava perto das dunas, paisagem comum naqueles idos, década de 60. A chegada era motivo de grande alegria, mas só para a gurizada. Isso incluía consumir todo tipo de alimento proibido ao longo do ano, além de tomar xarope de refresco com água e dormir até mais tarde e passar o dia n’água.
Depois, meu pai comprou uma casa no mesmo balneário onde, por ironia, faleceu de um infarto ao chegar de uma pescaria com minha mãe. Aos 52 anos. Algum tempo depois, eu e minha irmã vendemos a casa e deixamos de veranear em Tramandaí.
Nos dois últimos anos tenho ido com frequência ao Litoral, inclusive nos meses de inverno. Às vezes vou e volto no mesmo dia, para Capão da Canoa, mas gosto de passear por outras praias próximas. Notei profundas alterações em comparação aos anos anteriores. A pandemia e depois as seguidas enchentes transformaram a paisagem dos balneários gaúchos.
O aumento significativo da população obrigou os prefeitos a melhorarem a infraestrutura. Empresários de visão aguçada investem maciçamente, principalmente em Capão da Canoa, Tramandaí, Xangri-Lá e Torres, que têm “vida” o ano todo. São comunidades dotadas de boa rede de atendimento à saúde, restaurantes, shoppings e, acima de tudo, inúmeros lançamentos imobiliários, cujas ofertas são adquiridas em poucos dias.
Apesar da comodidade, mantenho aquele espírito de guri da colônia quando chego à praia. Gosto – muito! – de botar o pé na areia, levar chimarrão, cooler com água e cerveja gelada, além de mergulhar várias vezes ao longo do dia, inclusive à noitinha. Além das reminiscências, o clima parece mais leve. Noto o aumento do contingente idoso, resultado da mudança definitiva de muitos casais para a praia.
Trata-se de uma mudança de hábitos. Afinal, até pouco tempo, praia é sinônimo apenas de calor, entre dezembro e março. Isto, porém, mudou.

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Programação Especial em Homenagem ao Mês Tradicionalista