13/09/25
O escritor uruguaio-brasileiro Carlos Higgie lança na quinta-feira, 18 de setembro, às 19h, no Deck01 Gastrobar, localizado no Bahia Plaza Hotel, em Busca Vida, seu mais novo romance, Eu Sou Augusto. Durante o evento, o público poderá prestigiar o autor e garantir exemplares autografados.
Com mais de 40 anos de carreira literária e 15 livros publicados, Higgie é conhecido por transitar entre poesia, contos e romances, sempre explorando temas universais como memória, amor e a busca por identidade. Nascido em Rivera, no Uruguai, o autor já viveu em cidades como Montevidéu, Porto Alegre e Santa Catarina, e atualmente mantém uma forte conexão com a Bahia.
Eu Sou Augusto é apontado por críticos como sua obra mais madura. O livro conduz o leitor por uma trama que se desenrola entre passado e presente, abordando lembranças, confusões mentais e a interseção entre realidade e memória, tendo como pano de fundo períodos de ditadura no Uruguai e no Brasil. “É o trabalho mais relevante de Carlos Higgie até agora”, destaca o escritor Rossyr Berny, vice-presidente da Academia Rio-Grandense de Letras.
O magnífico Augusto Carlos Higgie
Modestamente, tenho autoridade literária para escrever sobre a obra do escritor Carlos Higgie. Nossas histórias têm vários pontos de contato e, em alguns momentos, se misturam.
Nascido em Rivera (Uruguai) na fronteira com o Brasil, passou por Montevidéu e teve uma passagem pela Faculdade de Humanidades e Ciências, tentando a Licenciatura em História. O momento não era nada propício para pensar diferente e questionar: o país estava em plena ditadura militar.
Publicou seu primeiro livro em Montevidéu: Como pompas de jabón (1979), misturando versos e contos. Alguns desses contos receberam prêmios e menções em concursos nacionais e regionais no seu país.
Um dia fez as malas e veio morar em Porto Alegre, na rua e bairro onde eu residia. Naquela época, ele tinha acabado de publicar sua segunda obra, Cuentos a contramano (1983).
Encontraram-se duas partes. Muito conexas. A empatia foi instantânea: a literatura fluiu entre nós e foi se transformando num laço forte e duradouro. Compadres.
Tive o prazer de traduzir seus três primeiros livros publicados em português (Vento nos Ossos (1984), Higgie&Higgie (1990) e Rios da Rua (1994), esses dois últimos publicados pela Editora Alcance).
Depois, Carlos Higgie não parou mais de publicar. Já morando em Santa Catarina (ele tem alma de cigano), publicou Gritos da pele (1999) incursionando na temática erótica; Uma ilha no entardecer (2004) e Amor a três (2005), em parceria com as escritoras paulistas Cármen Guaresemin e Jane Soares de Almeida.
Em La sombra de los marcos (2008), romance escrito em parceria com sua prima e poetisa Nélida Higgie, com a qual já tinha publicado.
Higgie&Higgie, aborda um dos temas caros aos fronteiriços: o portunhol e a vida na fronteira, além de mexer em feridas antigas dos uruguaios, como a ditadura e os desaparecidos; numa viagem entre Montevidéu, Rivera e Porto Alegre, narrando amores complicados e maravilhosos.
Caleidoscópio (2009) nasceu e foi publicado quando o autor estava em terras baianas, trazendo contos breves e longos, alguns deles com alma de “nouvelle”.
Voltando para Santa Catarina, publicou um romance curto, Nebuloso Losango (2010), mergulhando nos sonhos, no surreal, nas loucuras de quatro personagens que, sem saberem, reinventam a realidade.
A vida da pianista Lilian Lachensky, uma artista de mão cheia, o inspirou para escrever sua primeira biografia: Uma história de amor pela música e pela vida (2015); voltando a incursionar nesse gênero em 2019, quando escreveu, em parceria com seu filho Daniel Higgie e Guilherme Jensen, Histórias Notórias – Cases de Sucesso. Os mesmos autores publicaram uma segunda parte, com outros biografados, em 2021.
Voltando para terras baianas, publicou seu primeiro livro só de versos, Ninguém me falou que o tempo não é vento (2023).
E o melhor de tudo é que sua qualidade literária e inventiva evoluiu aos saltos.
Décadas depois e com quinze livros editados, ao meu entender, chega ao ápice de sua qualidade literária. Com uma maturidade só alcançada por grandes escritores.
E, não satisfeito com a prosa elogiável, também esbanja poemas da melhor qualidade, emparelhando com seu texto narrativo.
Pois agora, em uma nova publicação de nossa Editora Alcance, como que um prêmio por nossos 40 anos de vida editorial, estamos publicando sua melhor prosa até agora, o romance Eu sou Augusto – carregado de uma alentadora maturidade.
Carlos Higgie, com pleno domínio da arte literária, constrói seu romance em dois tempos bem distintos: passado e presente. Porém, ao mesmo tempo nos dá grandes similitudes – seu planeta uruguaio e seu novo país, o Brasil, são subjugados por bárbaras ditaduras militares; se é que haja alguma ditadura militar que não seja terrível.
No tempo atual, Augusto, personagem-chave, está hospitalizado – e com muita confusão mental, sem saber exatamente onde se encontra nem em qual tempo está vivendo.
Suas lembranças lhe chegam aos borbotões e se misturam com um presente difuso. Ele se aferra a cada detalhe, como que buscando acender uma lâmpada no escuro.
Deste modo, pelo passado, vem fiando, tecendo o seu presente.
Uma ligação turbulenta e mágica de dois tempos. Passado e presente.
Através de doces amores e incidentes, reais ou não, Eu sou Augusto vai tomando vida própria, num cenário do fim do século passado e com três cidades diferentes e, ao mesmo tempo, muitos pontos de contato.
E, por fim, é este livro que o leitor tem em mãos para emocionar-se, somente soltando-o para melhor poder aplaudir o mais relevante trabalho de Carlos Higgie até agora.
Rossyr Berny
Vice-presidente da Academia Rio-Grandense de Letras
presidente do Fórum Rio-Grandense das Academias de Letras
O lançamento, que marca também uma nova publicação da Editora Alcance, promete reunir amantes da literatura e admiradores da trajetória de Higgie para uma noite de autógrafos repleta de emoção e reflexão.