Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
Levantamento do “Todos Pela Educação”, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) e do Censo Escolar revelou que quase 2,3 milhões de crianças de até três anos estão fora da creche por dificuldade de acesso. “Todos pela Educação” é uma organização civil, sem fins lucrativos que atua na defesa da educação básica de qualidade. A entidade influencia políticas públicas para a melhoria da através de articulação com o poder público.
A situação aflige o cotidiano de milhões de mulheres. O dado fica ainda mais alarmante quando observado por divisões de renda — quando a população é dividida em cinco grupos que consideram a distribuição de renda, de 20% a 20%. Aí fica evidente: quanto mais pobre a família, mais dificuldade tem em acessar a educação infantil.
Crianças sem acesso à educação infantil são privadas de ter um ambiente seguro para o seu desenvolvimento e interação com adultos que estão ali com plena atenção, preparados para estimular o desenvolvimento das crianças. Apresentam maior dificuldade no processo de alfabetização, mais chances de ter atrasos de aprendizado e de desenvolvimento no ambiente escolar, maior dificuldade de concluir a educação básica, dificuldade de ingressar no ensino superior, e dificuldade de ingressar no mercado de trabalho. O atendimento em creche e em pré-escola é um direito de todas as crianças, de todas as famílias. Está estabelecido na Constituição Federal e é um serviço muito importante para o desenvolvimento infantil, independente da classe ou renda.
Além da habitação e geração de emprego, os prefeitos de todo país enfrentam o desafio de driblar as dificuldades financeiras para dotar os municípios de creches para as mulheres trabalhadoras. O aumento permanente de despesas – resultado da transferência de compromissos da União – agrava os problemas para a construção de estabelecimento para atendimento das crianças. Agrava, ainda, a solução para firmar convênios com entidades capazes e absorver a demanda.
As cifras, números e perspectivas assustam as mães trabalhadoras que por vezes, sobrecarregam familiares ou vizinhos no cuidado com os filhos menores. Urge a necessidade de transformar a solução em prioridade absoluta das administrações públicas.
